tag:blogger.com,1999:blog-87321311139191291542024-03-13T13:06:54.466-07:00Ilustrando a Folhabebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.comBlogger139125tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-91951957426654697882013-06-02T01:08:00.000-07:002013-06-02T01:08:06.241-07:00TERRA EM TRANSE<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-uhRII_u9pw0/Uar9Rc3vzEI/AAAAAAAAB-0/RDIIHJ5DY6Q/s1600/Captura+de+Tela+2013-05-31+a%CC%80s+12.46.40.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="148" src="http://3.bp.blogspot.com/-uhRII_u9pw0/Uar9Rc3vzEI/AAAAAAAAB-0/RDIIHJ5DY6Q/s400/Captura+de+Tela+2013-05-31+a%CC%80s+12.46.40.png" width="400" /></a></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 17px; text-align: left;"><br /></span></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 2 de junho de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><span style="background-color: white; color: #222222; line-height: 31px;"> </span></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Para quem não sabe: Millôr Fernandes disse uma vez a um amigo que quando morresse não queria homenagens, mas gostaria muito de ter um banquinho com seu nome no Arpoador, para que os namorados sentassem e vissem o por do sol. Na tarde cinzenta da última segunda-feira o banquinho de Millôr foi inaugurado oficialmente. Banquinho, em termos: projetado por Jaime Lerner e com o perfil de Millôr desenhado por Chico Caruso, virou um superbanquinho.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Os amigos foram chegando aos poucos, e se acomodando debaixo de uma grande tenda, onde cariocamente eram servidos os carioquíssimos mate, água de coco e biscoitos Globo. Como o Rio é muito animado, uma musiquinha animava a festa, tocando única e exclusivamente bossa nova.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> O elenco era de primeiríssima: o que havia de mais mais em cada setor, nos quesitos jornalismo, arquitetura, poesia, artes plásticas, design, música, boemia, mundo teatral e televisivo, mundo jurídico, etc. etc.; e mulheres, muitas mulheres, como Millôr gostava. Ele era dos poucos homens que tinha amigas, amigas mesmo _ e apenas amigas.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Houve um momento em que olhei em volta distraidamente, e vi, em cima de uma pedra, um homem exercendo seu duro ofício de estátua viva; nesse dia ele era um verdadeiro pirata, com colares, brinco em uma orelha só, botas, lenço na cabeça. Perfeito, ele não se moveu durante todo o tempo do evento, com o qual, aliás, não tinha nada a ver. Muito curiosa, sua presença.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Apesar da ausência do homenageado _ por força das circunstâncias _, estavam todos alegres, lembrando, contando histórias. E mais gente chegando, mais gente chegando. Eis que, por detrás das pedras do Arpoador, por detrás do pirata, aparece um casal de noivos, ela vestida da maneira mais tradicional: branco longo, véu e grinalda. Foi um toque quase surrealista, assim do nada. Já estava escurecendo, e eis que do mar começam a surgir homens lindos, que pareciam saídos de grutas no fundo dos oceanos; em relação com a realidade, apenas as pranchas de surfe. Detalhe: foi naquele mar que foram jogadas as cinzas de Millôr.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Mas melhor ainda foi quando se juntaram a esses homens 8 ou 10 mulatas deslumbrantes, todas vestidas _ despidas, aliás _ como destaques de escola de samba, cada uma com o biquíni de uma cor, penas na cabeça, e de repente começaram a dançar, na areia, com oshomens saídos do mar. De onde tinham vindo, será que eram da mesma festa? Ninguém sabia, e garanto que ninguém tinha bebido, foi tudo verdade.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Mas nossa festa era outra, e eis que Fernanda Montenegro, convidada a ler um texto do próprio Millôr, foi chamada pelo título “a grande dama do tetro brasileiro”. Ela deu uma risada marota _ pela originalidade, talvez; grande Fernanda. Depois dela falou Helio, irmão de Millôr, com seus juvenis 92 anos, e, como não podia deixar de ser, as “otoridades”: o sub prefeito da Zona Sul da cidade, o responsável pela preservação dos monumentos e, como não podia deixar de ser, os agradecimentos de praxe às firmas que colaboraram com o cimento, a tinta e não sei mais o quepara que o banquinho virasse uma realidade, etc. e tal.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> O mais incrível de tudo: todos viram tudo que eu vi e estou contando, e ninguém nem falou sobre o assunto,achando tudo absolutamente normal, grande Rio de Janeiro.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Cena de Fellini? Melhor ainda: de Glauber. Só faltou mesmo Paulo Autran, para que se visse, ao vivo e em cores, uma nova versão de Terra em Transe 2013.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Uma tarde absolutamente inesquecível.</span></div>
<div>
<br /></div>
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-27862194823537816572013-05-26T00:57:00.000-07:002013-05-26T00:57:05.728-07:00 Ah, as mulheres<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-BEDSMMQsMLw/UaHAKppjWjI/AAAAAAAAB-k/KV4_nD37Bgs/s1600/Captura+de+Tela+2013-05-24+a%CC%80s+02.51.45.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="http://1.bp.blogspot.com/-BEDSMMQsMLw/UaHAKppjWjI/AAAAAAAAB-k/KV4_nD37Bgs/s400/Captura+de+Tela+2013-05-24+a%CC%80s+02.51.45.png" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="direction: ltr;">
<div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 26 de maio de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><span style="background-color: white; color: #222222; line-height: 31px;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="line-height: 31px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 31px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Eu conheço um homem que, como não leu o livro de Nelson Rodrigues _ Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo _, queria ser amado e ser feliz. De tanto ouvir as reclamações das mulheres sobre os homens, procurou aprender _ e aprendeu _ a não ter nenhum dos defeitos dos quais elas se queixavam tanto, e que eram sempre mais ou menos os mesmos. Não funcionou com a primeira, nem com a segunda, nem com a terceira, aliás, com nenhuma; ele achou estranho, e veio conversar comigo.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> E me contou que trata todas, sempre, superbem, valoriza a mulher amada, cuida e zela, mostra que ela é a prioridade da vida dele; é atencioso, prestativo, ótimo pai, procura dar os presentes certos, aqueles que são seus sonhos de consumo, se empenha em fazê-la feliz, apoia o quanto pode sua carreira, leva-a às Europas que ela não conhece, puxa conversa para assuntos de que ela gosta, repara em sua aparência, seu corte de cabelo, e a elogia sempre. Além disso não se esquece dos aniversários: de casamento, do primeiro dia de namoro, do dia da primeira transa, lembrando sempre com flores, um presente, até mesmo uma viagem; reúne, enfim, todas as condiçõespara ser um ótimo amigo, um pai adorável, e é totalmente desprezado como objeto de desejo e paixão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Meu amigo não compreende as mulheres, e não entendeu que o homem com quem se sonha não tem nada a ver com o homem que se ama. Nenhuma mulher vai se apaixonar por um homem que esteja de quatro por ela, adivinhando seus pensamentos, realizando seus desejos, antes mesmo de ela saber que desejos são esses. Ela pode gostar, sim, mas durante 24 horas, 48, enquanto existir aquela dúvida fundamental: que talvez não seja para sempre. É insuportável ser amada acima de todas as coisas o tempo todo, e pior ainda ter uma pessoa ao lado que nos tem como sua prioridade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Para que o amor dure, é preciso que exista a dúvida se ele vai sobreviver, até mesmo àquela noite; não saber se ele vai ligar, não saber em que está pensando quando está calado, e sobretudo _ sobretudo _ saber que ele jamais vai lembrar de nenhuma das datas fatídicas, de quando se conheceram, etc. etc., e jantar num restaurante especial e tomar um vinho no Dia dos Namorados. Para um homem ser amado é preciso que ele tenha um mundo particular _ ou vários _, só dele, e no qual ela não consiga, jamais, penetrar. Que seja o futebol, o surf, a astronomia, a corrida de cavalos, a guerra daSiria, tudo vale, contanto que ela não seja a única a ocupar seus pensamentos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> As coisas muito certas não têm graça; pense nos cassinos, onde uma multidão arrisca seu dinheiro na incerteza, sem saber se vai dar o preto ou o vermelho, o par ou o impar, o 4 ou o 17. Se soubessem, ia ter graça?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Esse meu amigo não fez tudo errado, não. Ele fez tudo certo, quando mandava flores, quando surpreendia suas amadas com a perspectiva de uma viagem, quando lembrava de seu aniversário na véspera, à meia noite, sem imaginar que ela, chegando aos 42, queria saber de tudo, menos dessa data, razão de sobra pra odiá-lo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Ele não pensava no prazer dela, e sim no dele; o prazer de se sentir generoso, magnânimo, o amante perfeito, o que para ele era certamente mais importante do que ser amado. Conseguiu, e não tem do que se queixar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">PS – quem diria que a canção Ne me quitte pas, hino da dor de cotovelo, poderia ser cantada por alguém além deJacques Brel; pois Maria Gadú ousou, e ainda ousou mais, junto com seu arranjador, botando um ritmo. Deu certo, e viva a dor de cotovelo em versão moderna.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">
<br /></div>
</div>
</div>
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-33157421828136696812013-05-19T02:58:00.001-07:002013-05-19T02:58:47.586-07:00 ERA UMA VEZ<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-sBw-vn8otlw/UZiiMpcKZpI/AAAAAAAAB-E/djLD6-7zjcQ/s1600/Captura+de+Tela+2013-05-19+a%CC%80s+06.55.13.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="146" src="http://2.bp.blogspot.com/-sBw-vn8otlw/UZiiMpcKZpI/AAAAAAAAB-E/djLD6-7zjcQ/s400/Captura+de+Tela+2013-05-19+a%CC%80s+06.55.13.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Courier; font-size: 16pt; line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Courier; font-size: 16pt; line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 19 de maio de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><span style="font-size: 16pt;"> </span><span style="font-size: 16pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Courier; font-size: 16pt; line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Georgia;"></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Outro dia eu estava num café; sentado ao meu lado, um jovem bem jovem, 28 anos, já casado. Havia uma TV, e na tela, cantando e dançando, Ricky Martin. Como sou meio desligada, perguntei ao garoto _um garotão, praticamente_ se o cantor não tinha sido do grupo Menudos. Tive a impressão de ter dito uma palavra em javanês; ele fez um esforço de memória e perguntou: Menudos? Custei a entender: ele nunca tinha ouvido falar dos Menudos. Não que fosse alguém alienado do panorama musical; apenas uma questão de faixa etária.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Passei uns momentos testando: ele sabia quem havia sido Doris Day? Tinha ouvido falar de Grace Kelly, Rita Hayworth, Ava Gardner? Não, ele nunca havia ouvido falar de nenhuma dessas pessoas. Desisti, claro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> No início fiquei chocada, mas logo logo me coloquei e imaginei: se ele citasse algum dos cantores de rock atuais, algum conjunto bem moderno, qualquer um, desses que vão tocar no Rock in Rio, sabe qual seria a minha resposta? Zero.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> É muita informação; são muitos cantores, muitos conjuntos, muitos tipos de música, não dá para esperar que a nova geração tenha ao menos ouvido falar dos que foram nossos ídolos. Nos tempos em que a informação era mais discreta, era fácil ter ouvido falar em Napoleão, e fico pensando: o que pode ser desculpado, quando se fala em nova geração? Com que idade se tem o direito de não saber quem foi Gagarin, que Woodstock existiu, que um dia o mar de Copacabana era muito mais próximo dos edifícios, que no Maracanã havia a Geral, de onde os torcedores assistiam às partidas em pé, que todos os apartamentos, mesmo os de quarto e sala, tinham área de serviço e quarto de empregada, que houve maio de 68, no Brasil teve 64, que os alunos dos colégios usavam uniforme e quando o professor entrava na sala de aula os estudantes se levantavam e davam bom dia ou boa tarde, dá para acreditar? E nem faz tanto tempo assim.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> O colégio; no início do ano era cheio de novidades. As crianças ganhavam uma lancheira de metal nova, onde levavam um pãozinho doce, uma fruta que não precisasse de faca _tangerina ou banana_, e só. Ganhavam também uma régua de madeira, um compasso, um lápis Faber nº 1 e outro nº 2 (o apontador era daqueles de manivela, preso na mesa da professora), borracha e uma caixa de lápis de cor. Dependendo da condição econômica dos pais, essa caixa era de seis lápis, 12 ou 18, e essas últimas deslumbravam as mais pobrinhas. E os lápis franceses Caran D’Ache, que só uma das alunas tinha, eram o sonho impossível de todas as meninas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Agora acredite: havia aulas de delicadeza, já ouviu falar? Nessas aulas se ensinava, basicamente, a como se comportar, como cumprimentar uma pessoa, como se sentar, e nos boletins, que eram mensais, entre as notas de geografia, matemática etc., também havia as notas de educação física e de comportamento, que contavam ponto para passar ou não de ano.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Não havia lanchonete; à venda, apenas mariolas, que eram retângulos de bananada passados no açúcar cristal, e paçocas; quem tivesse sido apanhada conversando durante a aula tirava nota baixa no quesito comportamento, além de perder o recreio e ficar de castigo na capela. Se a infração tivesse sido mais grave, o castigo seria ficar de joelhos no milho, aos sábados nos confessávamos para comungar no domingo _em jejum, com um veuzinho branco na cabeça_, quem não fosse à missa caía em pecado mortal, e se morresse antes de confessar e ser absolvida pelo padre, ia para o inferno.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Tudo isso aconteceu nem faz tanto tempo assim, e nunca ninguém pensou que o ano 2000 fosse chegar.</span></div>
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-90480724556009317902013-05-12T03:38:00.002-07:002013-05-12T03:38:17.382-07:00 EVITANDO OS RISCOS<br />
<div style="font-family: Georgia; font-size: 16px;">
<div style="font-family: Tahoma; font-size: 13px;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-kihuiniVKVM/UY9w9Fp8nLI/AAAAAAAAB90/Y4nKQQo_ZkU/s1600/Captura+de+Tela+2013-05-10+a%CC%80s+09.22.50.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="http://2.bp.blogspot.com/-kihuiniVKVM/UY9w9Fp8nLI/AAAAAAAAB90/Y4nKQQo_ZkU/s400/Captura+de+Tela+2013-05-10+a%CC%80s+09.22.50.png" width="400" /></a></div>
<div style="font-family: Tahoma; font-size: 13px;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;"><br /></span></div>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 12 de maio de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><div style="font-family: Tahoma; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;"> </span></div>
<div style="font-family: Tahoma; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;">É curioso: quando acontece uma tragédia, logo surge uma onda de tragédias iguais ou muito parecidas; agora é a vez desse crime bárbaro que é o estupro. Desde o horror que aconteceu com a turista americana, outros casos foram surgindo, e ultimamente são os adolescentes que têm aparecido no noticiário por abordar suas colegas de colégio de forma pouco respeitosa _ para dizer o mínimo.</span></div>
</div>
<div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Em São Paulo, garotos se comportam de maneira condenável com meninas da mesma escola, sendo que são todos, eles eelas, muito jovens. A família das meninas se queixam à diretoria do colégio, que por sua vez procura os pais dos garotos, o assunto chega à imprensa e nada _ ou quase nada _ é resolvido.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Sobre o assunto, o caderno Equilíbrio, da Folha, ouviu diversas opiniões. Rosely Sayão, colunista do jornal, se expressou dizendo que “a sexualidade desses jovens está muito exarcebada e eles não têm noção do respeito”, e continuou: <span style="line-height: 43px;">"</span>a fase dos 13, 14 anos é a pior; é quando a efervescência hormonal se junta à hiperestimulação”. Mais adiante, a psicóloga da Unesp, Renata Libório, se dirige à família e à escola, pregando “por que não respeitar a menina, não importa a roupa que ela usa?” Estão certas as duas, e só me surpreendi ao saber que a sexualidade dos garotos está exarcebada tão cedo: 13, 14 anos? Pensava que nessa idade ainda fossem pouco mais que crianças.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Fiquei pensando: é claro que família e escola devem fazer de tudo para que esses adolescentes respeitem as meninas, mas sinceramente, é difícil. Basta ligar a televisão, ler as revistas, e ouvir contar que as jovens estão “ficando” com vários garotos nas festas, se e gabam de terem beijado 5, 10 ou 15, nem sei, outra leiloa sua virgindade, todas se vestem de maneira provocante _ e vamos dar esse crédito a Xuxa; foi a partir de seus programas na televisão que a infância começou a ser sexualizada, e que as crianças se vulgarizaram, passando a ter, como sonho de consumo, sapatos desaltinho, unhas pintadas, boca vermelha de baton, como verdadeiras chacretes em miniatura. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> É claro que o ideal é que as meninas sejam respeitadas, mas para isso, é preciso também que elas ajudem. As famílias devem orientar os filhos a serem seres civilizados, claro, e ao mesmo tempoensinar às filhas a não usarem shortinhos, minissaias de um palmo, jeans que mal cobrem a virilha, tops mínimos, camisetas em cima da pele, e por aí vai. Se aos 13, 14 anos, a sexualidade dos meninos está exacerbada, não deve ser só a deles; a delas também. Desde que o mundo é mundo as mulheres gostam de provocar, de se exibir, de se sentirem desejadas. Faz parte do jogo, mas a sexualidade masculina é mais violenta, e é aí que mora o perigo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> O mundo não é o que gostaríamos que ele fosse, e os riscos são permanentes, até para quem fica dentro de casa. Quem andar sozinha à noite numa rua deserta vai correr mais risco de ser assaltada, quem estiver vestida de maneira mais provocante vai correr mais risco de ser desrespeitada, quem abrir a porta de casa sem saber quem está batendo vai correr mais risco de ter sua casa invadida. Os meninos têm que fazer a parte deles, e as meninas a delas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> E tem uma coisa que vejo nos jornais, mas que não consigo compreender. Estupro em ônibus, como assim? Como é possívelhaver estupro dentro de um ônibus?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Pois tem.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Courier; font-size: 16pt; line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Courier; font-size: 16pt; line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
</div>
</div>
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-63251570989516679172013-05-06T02:23:00.000-07:002013-05-06T02:23:13.401-07:00Alguns palpites, algumas curiosidades<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-8LdtJKDiHqo/UYd2XIbClkI/AAAAAAAAB9U/CF54PRITGv8/s1600/Co%CC%81pia+de+Captura+de+Tela+2013-05-04+a%CC%80s+00.25.07.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="148" src="http://3.bp.blogspot.com/-8LdtJKDiHqo/UYd2XIbClkI/AAAAAAAAB9U/CF54PRITGv8/s400/Co%CC%81pia+de+Captura+de+Tela+2013-05-04+a%CC%80s+00.25.07.png" width="400" /></a></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;"><br /></span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;"><br /></span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo,5 de maio de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> </span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Leio os jornais, vejo TV, presto atenção a algumas coisas _ não ao conflito da Siria _ e me meto em assuntos onde não fui chamada; é mais forte que eu.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Começando pela PEC das empregadas, assunto que me fascina. Se as novas regras tivessem sido estabelecidas por pessoas mais inteligentes, mais preparadas, é elementar: a PEC não teria que passar por uma regulamentação (que está sendo, aliás, bemcomplicada).</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Li outro dia que uma empregada que ganha em volta de R$ 1.500,00, feitas todas aquelas contas complicadíssimas _ que começam com a divisão do salário por 220 _, vai receber por cada hora extra (noturna) em volta de R$ 10,00. Não foi dito se ela é obrigada a aceitar fazer horas extras noturnas, mas eu, se fosse ela, não aceitaria. Ganhar R$ 20,00 para trabalhar além do expediente, de 10h à meia-noite? Nempensar. E outra coisa: quem trabalha em um apartamento pequeno, 2 horas pordia, duas vezes por semana, como é que fica? Nisso ninguém falou.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Também não foi falado, mas é bom lembrar, que as empregadas passaram a ter direito a todos os feriados: os 3 dias de carnaval, dia 1 de janeiro, dia de S. Jorge, sexta-feira da Paixão, etc. etc. E não vai mais ser preciso chamá-las de secretarias do lar; agora são empregadas, o que antes era considerado ofensivo. Dúvidas: elas podem se recusar a trabalhar de uniforme? Se não puderem, tente imaginar a cena: servir a mesa em casa de Paulo Maluf, por exemplo, de shortinho de lycra, tomara que caia e sandália havaiana. Mais uma coisinha: o que é considerado justa causa? Tive uma empregada cujo horário era das 10h às 14h, mas que chegava invariavelmente às 12h; seria isto considerado justa causa? A PEC só fala das obrigações dos empregadores, e de nenhuma das empregadas.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Outro assunto: o direito dos pedestres. Não sei se é ou não permitido que skatistas e ciclistas circulem nas calçadas, mas eles circulam na boa, sem respeitar a mão e a contramão, ai de nós pedestres. E aproveitando a onda, porque não proíbem o celular dentro dos elevadores? Outro dia eu ia para o 21º andar e eram dois que falavam _ sendo que um deles comentava a novela. Se tivesse uma arma eu matava, e qualquer juiz me absolveria.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> E mais um, o último: há muito tempo não ia ao calçadão de Ipanema tomar uma água de coco num quiosque. Fui no feriado, e achei estranho que o coco não tivesse sido aberto como sempre foi; havia nele um furinho muito bem feito, como se fosse por um sacarrolha, para a entrada do canudo (fora a inflação, de 3 para 5 reais). Estranhei, e tive a impressão de estar tomando uma água de coco industrializada, o que não tem a menor graça. Quando terminei pedi para que cortassem o coco, para ter o prazer celestial de comer a carne, com um pedaço da casca servindo de colher; aí soube que, desde o carnaval, isso havia sido proibido.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Não dá para acreditar; um dos prazeres da praia, diante da natureza espetacular _ para nativos e turistas _, é justamente, depois de beber a água, comer a carne, que às vezes está um creme, às vezesmais sólida, e essa expectativa faz parte do encanto e da maravilha que é se estar num país tropical.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Hoje, quem bebe a água do coco tem a sensação de estar tomando um refrigerante, sua carne, que deveria ter sido tombada pela Unesco, já era, e gostaria de saber de quem foi essa idéia de jerico.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Será que o prefeito Eduardo Paes, que se gaba tanto de ser carioca, sabe disso? É isso que se chama choque de ordem?Pobre do Rio de Janeiro.</span></div>
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-84097849272850815702013-04-28T00:13:00.001-07:002013-04-29T22:19:29.491-07:00Se a vida fosse fácil<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-iTwpcC28DU4/UXzMAzd9zCI/AAAAAAAAB7o/FzvrDiplxaI/s1600/Captura+de+Tela+2013-04-26+a%CC%80s+06.51.16.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="148" src="http://4.bp.blogspot.com/-iTwpcC28DU4/UXzMAzd9zCI/AAAAAAAAB7o/FzvrDiplxaI/s400/Captura+de+Tela+2013-04-26+a%CC%80s+06.51.16.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 28 de abril de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Se você pudesse escolher, preferiria ter um marido fiel mas que fosse um mau marido _desses que bebem</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">errado e falam o que não devem, e é, frequentemente, um tédio _ ou um marido infiel e ótimo marido? Difícil escolha, e saiba: um ótimo marido se percebe pelo brilho do olho da mulher.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Teoricamente, um bom marido é aquele que, em primeiro lugar, não trai, e são esses os que as mulheres mais abandonam. Para que uma paixão continue a existir, é preciso que não se tenha muitas certezas, e nenhuma mulher ama um marido fiel demais. Para tudo há limites, até para a fidelidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Quais são os homens mais inesquecíveis da vida de uma mulher? São sempre os que mais aprontam, mais desaparecem, mais traem _ e não confessam nunca _, mas que a faz mais feliz do que todos os bons rapazes do mundo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> É mais ou menos simples: se um homem é aprovado por todos, nunca é aquele que faz um coração juvenil bater descompassadamente. Não se pode amar alguém aprovado pela família, pela igreja e pela sociedade. Esses são para casar, o que não tem nada a ver com o amor.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Nada pode incendiar mais um romance do que a oposição da família; ela costuma ter razão, quando é contra, e a família está sempre unida contra os “maus” rapazes. E o amor, então? Desde os Capuleto e os Montecchio (famílias de Romeu e Julieta, para quem esqueceu) tem sido assim, e não há modernidade que mude essa regra. O que mudou foi que hoje não dá nem tempo de alguém ficar contra, porque aí já acabou. E vamos reconhecer, pais e mães estão certos: nessa hora eles estão pensando em seu próprio sossego e em sua própria tranquilidade, no que estão cobertos de razão. Aliás, quase todos têm sempre razão, e algum dia você viu pais e filhos estarem de acordo? Se estão, alguma coisa deve estar errada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Eles querem, para marido de sua querida filha, estabilidade em todos os sentidos, começando pela financeira, e que os sentimentos do pretendente também sejam estáveis. É até melhor que ele não ame apaixonadamente; melhor que tenha um sentimento calmo, maduro, confiável. Enquanto isso a filha, com seus hormônios à flor da pele, anseia por um homem que a enlouqueça e a faça perder o rumo de casa. Esse às vezes até casa (quando ela é rica), mas que ninguém espere dele fidelidade; esquecendo esse pequeno detalhe, costumam ser ótimos maridos, capazes de levar a mulher para um motel numa tarde de segunda-feira, ou a um fim de semana em Nova York, a troco denada _ as crianças ficam com a babá, qual é o problema? E se for flagrado às 2h da madrugada tomando um uísque na sala, lembrando de como era boa a vida desolteiro, quando a mulher chega devagarzinho e faz a pergunta, aquela _ “em que você está pensando?” _ ele vai responder, com a maior sinceridade, “em você, amore”. Ela não vai acreditar, mas fica na dúvida: e se for verdade? Esse é um bom marido, e esse casamento vai durar _ sobretudo se o pai dela continuar rico.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Mas afinal, você quer saber o que preferem as mulheres, se um marido fiel ou infiel? Refleti sobre o assunto, e acredito que a solução deve ser um homem fiel fingir que é infiel, e o infiel fingir que é fiel. Simples a vida, não?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">PS 1 _ Para mandar um Sedex (um envelope com UMA folha de papel), do Rio para São Paulo você paga R$ 30,00.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">PS 2 – E Rose, hein? Ela é a cara do PT.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Courier; font-size: 16pt; line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<br /></div>
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-57965073677087579702013-04-21T04:12:00.001-07:002013-04-29T22:19:42.936-07:00Pense Melhor<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-MusA2kFi5_w/UXPJkDRCv6I/AAAAAAAAB6s/eLz-pNWQWpk/s1600/Captura+de+tela+2013-04-19+a%CC%80s+17.03.15.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="146" src="http://3.bp.blogspot.com/-MusA2kFi5_w/UXPJkDRCv6I/AAAAAAAAB6s/eLz-pNWQWpk/s400/Captura+de+tela+2013-04-19+a%CC%80s+17.03.15.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Domingo, 21 de abril de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Qual a coisa mais preciosa do mundo? Não é dinheiro, nem amor, nem poder, e vou dar uma pista: não tem forma, nem cheiro, nem cor, não pode ser emprestada, nem dada, nem comprada. Não se vive sem, mas muitos fazem bobagens, um dia precisam dela para viver, mas aí pode ser um pouco _ ou muito _ tarde. Adivinhou?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> As pessoas começam a fumar cedo: porque é moda, para mostrar que não seguem as modas, ou por qualquer coisa tão boba quanto. Aconteceu comigo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Fumei todos os cigarros a que tive direito, e houve um momento em que escadas e ladeiras viraram um verdadeiro suplicio. O curioso _ e trágico _ é que nunca nenhum amigo (e foram muitos), ao me ver assim, me disse que o problema era o cigarro. E como eu não sabia, quando parava para descansar, num café ou num banco de rua, relaxava fumando mais um cigarro, ai ai.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Há alguns anos fiquei mais ou menos e parei, claro. Quando voltei a me sentir bem, achei que fumar um cigarrinho ou dois não me faria nenhum mal, e tive pequenas recaídas. Como sou ansiosa, e se puserem uma caixa de chocolates perto de mim vou comer até o último, com oscigarros é a mesma coisa _ sem comentários.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Comecei então a inventar pequenos truques: comprava dois cigarros no varejo, na banca de jornais; à noite, se fosse preciso, comprava mais dois. Dessa forma, eu achava que havia vencido o vicio, mas se algum amigo tirava um maço do bolso eu me atirava como se fosse a mais miserável viciada em crack. Houve vezes em que, num restaurante _ no tempo em que ainda se fumava em restaurantes _ eu via alguém fumando, chegava perto e dizia, na maior simplicidade, “eu deixei de fumar, será que posso filar um cigarrinho?” Não há maior solidariedade do que entre viciados, sejam eles em cocaína, heroína, ou nicotina. As pessoas a quem eu pedia um cigarro eram todas simpáticas, nunca nenhuma delas me disse não; sempre sorrindo, cúmplices, compreensivas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">A vida foi correndo solta, até que em uma viagem a um país onde cigarros não são vendidos no varejo, comprei um maço. Foi o primeiro de muitos; voltei péssima, as coisas tinham ido além do limite. Tive medo, parei no tranco, mais uma vez, e entendi que com vícios não dá para brincar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> Hoje, quando vejo uma pessoa fumando na rua tenho vontade de parar, sacudí-la pelos ombros e contar o que foi o cigarro na minha vida. Mas lembro que quando ouvia um discurso contra o fumo, acendia um, só para provocar; como se pode ser tão idiota?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> O cigarro é um vício traiçoeiro: custa barato, pode ser comprado em qualquer botequim, e não é crime. Além disso, é _ aparentemente _ o companheiro na hora do estresse, da solidão, da festa, da tristeza, enfim, de todas as horas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Eu me convenceria de que o cigarro não faz mal se visse, numa reunião de diretoria de um Marlboro da vida, quando são discutidas as novas técnicas de marketing para aumentar as vendas, todos fumando. Aliás, se fosse um só diretor, já me convenceria.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Dá para acreditar que alguém ponha um tubinho na boca, acenda e aspire, várias vezes por dia, sabendo que _ é inevitável _ um dia vai sofrer de falta de ar?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Como eu dizia, a coisa mais importante que existe na vida não tem cheiro, nem forma, nem cor, e não se compra com dinheiro nenhum: é o ar que se respira.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">PS – Quanto mais cedo você parar, melhor, mas é sempre tempo. Para mim, foi.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Courier; font-size: 16pt; line-height: 31px; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<br /></div>
<br />bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-85255223053817835822013-04-16T12:58:00.002-07:002013-04-29T22:20:00.465-07:00 O MEDO, O LUXO, A PEC<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-8A0Z28ajsIY/UW2taiJvOHI/AAAAAAAAB6c/mWLeUmdXYoE/s1600/Captura+de+tela+2013-04-12+a%CC%80s+11.36.18.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="http://2.bp.blogspot.com/-8A0Z28ajsIY/UW2taiJvOHI/AAAAAAAAB6c/mWLeUmdXYoE/s400/Captura+de+tela+2013-04-12+a%CC%80s+11.36.18.png" width="400" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 31px;"><br /></span></span><span style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Domingo, 14 de abril de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span></span><br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;">Tem dias que a gente acorda e fica com medo; isso me aconteceu esta semana.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;">Tive medo quando vi as fotos dos índios que invadiram o hotel Fazenda da Lagoa, no sul da Bahia. Há pouco tempo, 1 ou 2 meses, conheci o hotel, através de um programa de TV sobre arquitetura; o local parecia o paraíso sobre a terra.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;"><br /></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;">Era mesmo muito bonito, e dizer que era um hotel de luxo é maneira de falar; na verdade, os bangalôs, a decoração feita apenas com o artesanato local, os jardins, era tudo que podia haver de mais simples e mais brasileiro, e de um enorme bom gosto, o que o tornava luxuoso, no sentido puro da palavra (nos dias de hoje é preciso ter cuidado com esta palavra, pois há quem fique a favor de qualquer invasão, quando ouve falar em luxo. Saber que uma propriedade foi invadida traz insegurança, e fico pensando no que deve ter sido para os donos que trabalharam 10 anos para fazê-lo admirado no mundo todo. A Funai fez com que os índios saíssem do hotel, mas e se eles voltarem, qual a solução? Botar um bando de seguranças em volta do hotel, no meio dos coqueiros? </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;"> </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;"><br /></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;">Por mais que o mundo seja hostil, não há refúgio que nos pareça mais seguro do que nossa casa, seja ela um castelo ou um casebre; é nela que nos sentimos protegidos, e quando se imagina que esse espaço pode ser violado, vem o grande medo. Já me aconteceu: há muitos anos, cheguei em meu apartamento e encontrei-o todo revirado; tinha sido assaltado. Foi terrível ver minhas gavetas abertas, minha cama usada, a casa toda mexida. O roubo não teve importância, diante da violência que foi a invasão de minha casa.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;"><br /></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;">E agora vamos a meu assunto predileto, atualmente: a Pec das domésticas, e são duas historinhas verdadeiras. Uma amiga foi contratar uma empregada, e se surpreendeu com a proposta da candidata: por razões pessoais, ela propôs um horário de 16h às 21h. Minha amiga ficou radiante: ela sai de casa para o trabalho às 10h e chega, dependendo do trânsito, entre 18h e 19h. Assim, teria quem lhe preparasse um jantarzinho, mas aí, pensou, seria hora extra noturna o que para ela seria muito caro. A pretendente ao emprego só estava disponível nesse horário, e como não encontrava trabalho, abriu mão da hora extra noturna, só queria um bom salário. Se acertaram, mas aí criou-se o problema. Segundo a Pec, mesmo as duas partes estando de acordo e assinando um contrato, não pode, pois fica fora da lei. E agora?</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;"><br /></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;">Outro caso: um casal muito muito rico, tem duas empregadas há uns 15 anos, que dormem no emprego. Quando veio a Pec, a dona da casa _ que não suporta a idéia de ter um livro de ponto em casa, e ao mesmo tempo quer ter o direito de pedir um chá às 10h da noite _, fez as contas com o contador, soube o quanto lhe custaria pagar as horas extras, e chamou as duas para conversar. Nenhuma delas queria virar diarista, pois estavam gostavam do emprego e tinham, cada uma, seu quarto confortável, ar condicionado e televisão; foi combinado, então um bom aumento. Os principais direitos elas já tinham, foi então acrescentado o FGTS, e como nenhuma das duas pretendia ter filhos, os auxílio creche e maternidade estavam fora da questão. O que o empregador não aceitava era se sentir vigiada pelo Grande Irmão, de George Orwell, a cada vez que pedisse um chá às 10h da noite. As partes se acertaram, mas talvez estejam vivendo na ilegalidade.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;"><br /></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;">Tenho a impressão que o governo está interferindo um pouco mais do que o tolerável na relação entre empregado e empregador notrabalho doméstico.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;"><br /></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;">PS – O prefeito do Rio inventou uma multa altíssima para quem jogar um só amendoim nas ruas da cidade. Quem comprar um chiclete no jornaleiro vai ter que engolir o papel, pois as (poucas) latas de lixo do Rio são do tamanho de uma sacola Chanel.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 16px;">
<br /></div>
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-81419570394504736742013-04-07T16:40:00.002-07:002013-04-29T22:20:12.802-07:00A MODA: E ISSO PEGA?<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-_AMGzml-O80/UWIDv_WIOGI/AAAAAAAAB40/JLF6shRMdoE/s1600/Captura+de+tela+2013-04-07+a%CC%80s+20.38.25.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="http://1.bp.blogspot.com/-_AMGzml-O80/UWIDv_WIOGI/AAAAAAAAB40/JLF6shRMdoE/s400/Captura+de+tela+2013-04-07+a%CC%80s+20.38.25.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Courier; font-size: 16pt; line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 7 de abril de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Quando vim morar no Rio, vindo de Vitoria _ eu era uma criança _, lembro que em Copacabana, onde morava, existia um único personagem gay. Seu nome era Bob; quando visto na rua, era um acontecimento, e logo se comentava “eu vi o Bob hoje” _ e em que lugar, e como estava vestido, e todos os detalhes. Ninguém o conhecia, de conversar, mas ele era uma pessoa que fazia parte da vida do bairro, e era o único.</span></div>
<span class="Apple-style-span" style="line-height: 31px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 31px;">O tempo foi passando, outros gays foram surgindo _ atores, cantores, artistas em geral _, e ainda mais tarde muitos amigos foram, aos poucos, saindo do armário. No início se comentava, discretamente, essas modificações sexuais; depois, nem foi mais preciso, pois não havia nem mais armário onde as pessoas se escondessem, e a vida ficou mais prática. O que eu não entendo: será que no tempo em que _ aparentemente _ só existia Bob, a comunidade gay era tão grande como no presente, só que todos se escondiam? Hoje, às vezes, a existência dessa população parece maior do que a dos héteros, e num domingo de verão em Ipanema só vendo para crer: são bandeiras em arco-iris, tangas extravagantes, alguns de brincos, pulseiras, colares, cabelos de todas as cores e formatos; a paquera é franca e aberta, prova da liberdade que têm todas as pessoas, nos dias de hoje, de escolher o que querem ser, em matéria inclusive de sexo. Mas eu me pergunto: nos tempos passados, será que eram tantos assim, só que enrustidos, ou essapopulação cresceu tanto? Não sei se é a onda _ ou moda _ do casamento gay, de que tanto se fala, que pegou, como tantas modas pegam ou não. Mas penso queninguém se torna gay de repente, só porque está na moda; alguma semente deve existir, lá no fundo do peito, desde sempre, e como não existem mais os problemas de repressão, quem tinha razão era Cole Porter, em sua maravilhosa canção, Anything goes (numa tradução livre, Tudo é válido).</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;"><br /></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;">Tudo bem, tudo certo, só que _ volto a dizer _ ninguém fica homossexual porque está na moda, e é aí que entra uma outra indagação que não tem nada a ver, mas pensamentos são assim mesmo: vão chegando e não têm nada a ver um com o outro.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;"><br /></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;"> Existem os que não sabem cozinhar um ovo, e por mais que esteja na moda nos dias de hoje, para homens e para mulheres, entrar na cozinha e fazer um prato maravilhoso, não é esse fato que vai ajudar ninguém a fazer um ovinho mexido delicioso. Ou você nasce com o dom divino de lidar com as panelas, ou não, e isso não se aprende: é dom mesmo.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 31px;">Mas eis que hoje você liga a televisão, abre uma revista, e se dá conta de que todo mundo agora é chef. Todas as mocinhas e rapazes que não sabem o que ser na vida, fazem um curso em Paris, Londres ou Nova York, viram estrelas dos restaurantes mais fantásticos, e eu não consigo entender que tantas pessoas tenham adquirido esse talento que, no meu entender, vem do berço: o de cozinhar bem. Para mim, ou você nasce com tendência a ser gay, ou a mão boapara fazer um belo prato na cozinha, porque certas coisas são difíceis de improvisar.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">
</span>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> O mais provável? Que eu cada vez entendo menos desse mundo.</span></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
</div>
</span>bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-13807885038898630602013-03-31T02:41:00.001-07:002013-04-29T22:21:25.886-07:00O assunto do dia<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-jzA5Hq_DBUY/UVgEsBavf8I/AAAAAAAAB4k/fb4dJ2YmYMU/s1600/Captura+de+tela+2013-03-29+a%CC%80s+15.32.50.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="http://4.bp.blogspot.com/-jzA5Hq_DBUY/UVgEsBavf8I/AAAAAAAAB4k/fb4dJ2YmYMU/s400/Captura+de+tela+2013-03-29+a%CC%80s+15.32.50.png" width="400" /></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 31 de março de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 31px;">Quem sempre teve uma relação correta com sua empregada, está tranquilo. Afinal, férias, 13º, INSS, são coisas que nem precisariam de lei para existir, e além de serem justas, fazem com que as relações entre empregada/empregador sejam amenas e pacíficas, o que torna avida melhor para todos. Mas nenhuma lei é perfeita, vide a proibição de dirigir depois de beber; se é possível se recusar a fazer o teste, que lei é essa?</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 31px;">Uma das coisa mal resolvidas é a carga horária. A idéia é que sejam até 44 horas semanais, praticamente 9 horas detrabalho de 2ª a 6ª, o que é demais para qualquer mortal, já que esse trabalho é, na maior parte das vezes, físico, e descansar uma hora, no meio do expediente, como, onde? Na sala, vendo TV? Por outro lado, não há quem precise de uma doméstica tantas horas seguidas, a não ser uma família com pai, mãe e 4 filhos, em que ninguém arruma sua cama, as roupas são largadas pelo chão, cada um almoça e janta na hora que quer, e aí nem as 9 horas diárias vão ser suficientes. Já pensou, explicar aos adolescentes _ e seus amigos, já que eles só andam em turma _ que não dá para pedir vários lanchinhos várias vezes por dia?</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 31px;">Por tudo isso e mais alguma coisa, acho que esqueceram de falar, nessa nova lei, da remuneração por hora de trabalho. Afinal, o horário de uma diarista varia: existem as que trabalham duas horas, 3, 4 ou 5 _ e outras, 9. Os que moram em apartamentos grandes vão precisar de uma empregada em tempo integral e vão pagar por isso; mas para quem vive num quarto e sala, duas horas de trabalho, duas vezes por semana, são mais do que suficientes. É claro que o preço para duas horas não é o mesmo que para 9, e quem tem um emprego de duas horas, duas vezes por semana, pode perfeitamente ter mais dois ou três (empregos). E mais: se o empregador tiver que pagar auxílio creche, auxílio colégio, salário família e estabilidade em caso de gravidez, então só sendo milionário para poder ter uma empregada. Aliás, só pra saber: se for estipulado o preço da hora de trabalho, o preço vai ser o mesmo para quem mora em Caxias e o quem tem uma cobertura com piscina na Delfim Moreira? Só pra saber.</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 31px;">Tenho passado as noites em claro, apavorada, já que sou totalmente dependente de uma ajuda doméstica. Já tivevários tipos de vida, desde morar em apartamento grande e ter 3 empregadas, a um pequeno conjugado onde alguém vinha uma vez por semana dar aquele toque de talento que Deus não me deu. Que felicidade, entrar numa casa, seja ela imensa ou mínima, e sentir que por ali passou uma abençoada mão de fada.</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 31px;">Eu troco essa ajuda por qualquer vestido, qualquer carro, qualquer viagem, qualquer joia, porque para mim esse é o maior dos luxos: uma casa bem arrumada e cheirosa. E espero que as novas leis me permitam, sempre, pagar o que merece a dona desse talento, que para mim vale ouro. Mas a partir de agora vou prestar atenção e contratar mães de filhos já crescidos, até porque em qualquer lugar do mundo a obrigação de dar creche e colégio é do governo.</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 31px;">Assim é essa Pec; imperfeita, e dando pânico de contratar uma nova funcionaria. E se não der certo? Demitir vai sair tão caro que trabalhar como arrumadeira será praticamente ter estabilidade no emprego, como os funcionários públicos; e demissão, praticamente, só por justa causa.</span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 31px;">Aliás, o que é que caracteriza a justa causa? As empregadoras não sabem, mas pergunte a qualquer candidata a um emprego doméstico; todas elas sabem, na ponta da língua, o que não podem fazer, para não correrem o risco de uma justa causa.</span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 31px;">É curioso o mundo moderno: um marido pode ser dispensado por incompatibilidade de gênios, e uma empregada doméstica não.</span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 16px;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: Courier; font-size: 16pt; line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 16px;"><br /></span></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 16px;">
<div class="MsoNormal" style="font-family: Courier; font-size: 16pt; line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Courier; font-size: 16pt; line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
</span>bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-84844244248864229142013-03-24T06:01:00.000-07:002013-04-29T22:22:05.849-07:00A PEC das empregadas<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-TAxq6SYLogE/UU74-VizlxI/AAAAAAAAB4U/hcAg7p6-CiE/s1600/Captura+de+tela+2013-03-24+a%CC%80s+09.59.08.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="http://3.bp.blogspot.com/-TAxq6SYLogE/UU74-VizlxI/AAAAAAAAB4U/hcAg7p6-CiE/s400/Captura+de+tela+2013-03-24+a%CC%80s+09.59.08.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 24 de março de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 43px;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 43px;">Essa Pec das empregadas precisa ser muito discutida; como foi mal concebida, assim será difícil de ser cumprida, e aí todos vão perder. A intenção de dar as melhores condições à profissional, faz com que seja quase impossível que o empregador tenha meios de cumprir com as novas leis; afinal, quem vai pagar esse salário é uma pessoa física, não uma empresa. Vou fazer alguns comentários sobre as condições _ diferentes _ em que trabalham as domésticas aqui e em países mais civilizados.</span><br />
<div style="color: black; direction: ltr;">
<div style="color: black;">
<div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 43px;"><span style="line-height: 43px;"> Vou falar da França e dos Estados Unidos, que são os que mais conheço. Lá, quem mora em apartamento de 2 quartos e sala, é considerada privilegiada, mas nenhum deles tem área de serviço nem quarto de empregada (costuma existir uma área comunitária no prédio com várias máquinas de lavar e secar, em que cada morador paga pelo tempo que usa); uma família que vive num ap desses tem _ quando tem _ uma profissional que vem uma vez por semana, por um par de horas. É claro que cada um faz sua cama e lava seu prato, e a maioria come na rua; nessas cidades existem dezenas de pequenos restaurantes, e por preços mais do que razoáveis.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 43px;"><span style="line-height: 43px;"> Apartamentos grandes, de gente rica, têm quarto de empregada no último andar do prédio (as chamadas chambres de bonne, que passaram a ser alugadas aos estudantes), ou no térreo, completamente separados e independentes da família para quem trabalham. Essas domésticas _ fixas e raras _ têm salario mensal, e sua carga horária é de 8 horas por dia, distribuídas assim: das 8h às 14h (portanto, 6 horas seguidas) arrumam, fazem o almoço, põem a casa em ordem. Aí param, descansam, estudam, vão ao cinema ou namoram; voltam às 19h, cuidam do jantar rapidinho (lá ninguém descasca batata nem rala cenoura nem faz refogado, porque tudo já é comprado praticamente pronto), e às 21h, trabalho encerrado. Mas no Brasil, muitos apartamentos de quarto e sala têm quarto de empregada, e se a profissional mora no emprego, fica difícil estipular o que é hora extra, fora o “Maria, me traz um copo de água?”. E a idéia de dar auxilio creche e educação para menores de 5 anos dos empregados, é sonho de uma noite de verão, pois se os patrões mal conseguem arcar com as despesas dos próprios filhos, imagine com os da empregada. Quem vai empregar uma jovem com dois filhos pequenos, se tiver que pagar pela creche e educação dessas crianças? É desemprego na certa.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 43px;"><span style="line-height: 43px;"> Outra coisa esquecida: na maior parte das cidades do Brasil uma empregada encara duas, três horas em mais de uma condução para chegar ao trabalho, e mais duas ou três para voltar para casa, o que faz toda a diferença: o transporte público no país é trágico. Atenção: não estou dando soluções, estou mostrando as dificuldades.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 43px;"><span style="line-height: 43px;"> Na França, quando um casal normal, em que os dois trabalham, têm um filho, existem creches do governo (de graça) que faz com que uma babá não seja necessária, mas no Brasil? Ou a mãe larga o emprego para cuidar do filho ou tem que ser uma executiva de salário altíssimo para poder pagar uma creche particular ou uma babá em tempo integral, olha a complicação.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 43px;"><span style="line-height: 43px;"> Nenhum país tem os benefícios trabalhistas iguais aos do Brasil, mas isso funciona quando as carteiras das empregadas são assinadas, o que não acontece na maioria dos casos; e além da hora extra, por que não regulamentar também o trabalho por hora, fácil de ser regularizado, pois pago a cada vez que é realizado? Se essa Pec não for muito bem discutida, pode acabar em desemprego.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 31px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 43px;"><span style="line-height: 43px;">PS – É difícil saber quem saiu pior na foto esta semana: se D. Dilma, dizendo em Roma que a culpa pelas tragédias de Petrópolis se deve às vítimas, que não quiseram sair de suas casas, ou se Cristina Kirchner, pedindo ajuda ao papa no assunto das Malvinas.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Courier; font-size: 16pt; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
</div>
<div style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 16px;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 43px;"><br /></span></div>
</div>
</div>
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-60384873345342224132013-03-18T05:11:00.001-07:002013-04-29T22:22:38.826-07:00Os preconceitos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-G7nlkL8sdlw/UUcEcV2Ej8I/AAAAAAAAB4E/LFNcirkY9kM/s1600/Captura+de+tela+2013-03-15+a%CC%80s+01.34.03.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="148" src="http://3.bp.blogspot.com/-G7nlkL8sdlw/UUcEcV2Ej8I/AAAAAAAAB4E/LFNcirkY9kM/s400/Captura+de+tela+2013-03-15+a%CC%80s+01.34.03.png" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 17 de março de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
<br />
Vamos falar a verdade: o governo de Fernando Henrique fez muito pela queda dos preconceitos e a valorização das minorias em geral. Mas devemos reconhecer que o PT fez muito mais: deu voz forte às mulheres e aos afro-descendentes, voz que eles talvez nunca tenham tido antes. Desde que D. Dilma assumiu o cargo, sempre que houve uma brecha ela colocou uma mulher, e nem sei quantas existem em cargos importantes (nem se estão dando conta do que fazem), mas sei que são muitas. Talvez até mais do que seria preciso, para que o universo se convença da igualdade entre homens e mulheres. <br />
<br />
Mas em 10 anos de PT, existe uma minoria que não foi contemplada com nenhum cargo importante: a minoria gay, que nem é tão minoria assim.<br />
<br />
Na parada gay de São Paulo eles conseguem lotar a av. Paulista com centenas de milhares de pessoas entre gays e simpatizantes da causa. Eles existem _ e eu conheçomuitos; são médicos, advogados, arquitetos, engenheiros, enfim, estão em todos os setores, para não falar na vida artística. Mas nos ministérios, na presidência, nas diretorias das grandes Estatais, nunca se ouviu falar de nenhum; porque será?<br />
<br />
A ministra da Cultura sempre prestigiou a parada Gay, mas nem agora, com o poder na mão, convidou algum _ ou alguma _ representante da classe para colaborar com ela. Pode ser até que exista um ou uma homossexual, em algum cargo modesto, mas que ainda não saiu do armário. Aliás, não sejamos ingênuos: é claro que em postos altíssimos da República devem existir muitos gays, só que ainda enrustidos, e não é desses que estamos falando. Mas daqueles sobre os quais não existe a menor dúvida, e que se assumem como tal. Se os prefeitos de Nova York, Paris e Berlim _ e excelentes prefeitos, tanto que foram reeleitos _ são gays, porque o Brasil não pode ter um ministro assumido? E por falar na ministra, acho que ela só existe para fazer a ponte entre os héteros e os gays, para que não pensem que o PT não gosta dos gays.<br />
<br />
Voltando: o PT está no poder há 10 anos e não me recordo de ter ouvido falar de ninguém do partido que seja assumidamente gay, então vamos combinar: para acreditar que o PT quer mesmo acabar com os preconceitos e é mesmo contra a intolerância e a favor da aceitação da pluralidade e das diversidades _ todas _, é preciso que algum figurão petista, gay, seja candidato ou assuma um posto importante nogoverno. Seria bacana, ver o ex-presidente Lula num palanque, pedindo votospara um candidato gay assumido. Vamos lá, Lula? A reforma ministerial está por pouco e a campanha já começou, dois bons momentos que não podem ser desperdiçados, a não ser que o PT seja preconceituoso em relação aos homossexuais. <br />
<br />
Será que ele é?<br />
<br />
P.S. - Todos estamos cansados de saber que as mulheres são capazes de tudo, e está aí D. Dilma provando que são mesmo; mas vamos admitir que mesmo as pessoas mais liberais têm, lá no fundo, um rançopreconceituoso, e às vezes ele se revela, inconscientemente. Aconteceu, no Dia Internacional da Mulher.<br />
<br />
Foi exatamente este o dia que D. Dilma escolheu para desovar mais uma de suas bondades: a desoneração da cesta básica. Cesta básica é coisa de cozinha, e quem fala em cozinha pensa em mulher; ato mais do que falho da presidente. <br />
<br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span></span><br />
<!--EndFragment-->
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-76512703576362613182013-03-11T08:19:00.001-07:002013-04-29T22:23:02.801-07:00Pobre país<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-BTKXfZAIS6U/UT3160NjAWI/AAAAAAAAB30/YlutjNDtmas/s1600/Captura+de+tela+2013-03-08+a%CC%80s+17.59.49+co%CC%81pia.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="http://3.bp.blogspot.com/-BTKXfZAIS6U/UT3160NjAWI/AAAAAAAAB30/YlutjNDtmas/s400/Captura+de+tela+2013-03-08+a%CC%80s+17.59.49+co%CC%81pia.png" width="400" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 10 de março de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><br />
<br />
<br />
Lembro bem; era um domingo de sol em outubro ou novembro de 1955, e acordei com o rádionoticiando que o hotel Vogue estava pegando fogo.<br />
<br />
O Vogue era na Princesa Isabel, no Rio, e no andar térreo funcionava a boate mais famosa da cidade. Era lá que se encontravam os políticos (a capital da República ainda era aqui), as beldades e o high society em geral. Não havia jantar, cock-tail, festa, que não terminasse no Vogue, onde as crooners eram Linda Batista e Araci de Almeida, olha que luxo; às vezes aparecia Dolores Duran para dar uma canja. Só saiamos de lá com o sol raiando, e viviamos intensamente os anos dourados, onde se nem todos eram felizes, todos pareciam ser. Foi a melhor boate que o Rio já teve em toda sua história.<br />
<br />
No dia do incêndio a cidade inteira foi para a porta do hotel. Ou pelo menos todos os amigos dos que lá moravam. A agonia foi lenta, durou horas. As escadas do hotel eram forradas de madeira, o que ajudou o fogo a rapidamente chegar ao último andar (eram 12). Como num incêndio não se pode usar o elevador, e pelas escadas em chamas ninguém podia descer, ficaram todos em seus quartos esperando por ummilagre, o que não aconteceu.<br />
<br />
Chegaram os bombeiros, mas suas escadas iam só até o 4º andar; um boêmio muito conhecido na época, o Dantinhas, teve sangue frio para conseguir se salvar. Ele pegou oslenções, amarrou um no outro, molhou, para que os nós não se desfizessem, se vestiu inteiro _ conta a lenda que não se esqueceu nem de botar a pérola nagravata _ e desceu pelos lençóes até encontrar, mais abaixo, a escada dos bombeiros. Foi o único que se salvou (e quando chegou na rua não falou com ninguém; foi para um bar ali perto, onde tomou uma garrafa de uísque inteira).<br />
<br />
Os recém casados Glorinha e Waldemar Schiller foram encontrados abraçados, mortos, dentro da banheira, e duas pessoas se jogaram da janela, entre elas um cantor americano que fazia o show do Vogue naquele momento. Foi uma tragédia que abalou o Rio de Janeiro; quem viu nunca esqueceu.<br />
<br />
Promessas foram feitas pelo chefe do Corpo de Bombeiros, pelas autoridades; aquilo havia sido uma lição, nunca mais nada de parecido aconteceria. Pois esta semana, 57 anos depois, a história se repetiu. Um prédio no Leblon pegou fogo _ e a tragédia só não foi maior porque o prédio tinha apenas 4 andares. Mas um casal não resistiu às chamas, se atirou e morreu - ela com 33 anos, ele com 57; eles pareciam muito felizes.<br />
<br />
A assessoria do Corpo de Bombeiros declarou que no Rio existem apenas três unidades que contam com plataformas e escadas; escadas tão curtas que nem chegam ao quarto andar. E o hidrante não tinha água, claro.<br />
<br />
Dizer o quê? Que o Brasil continua o mesmo de 57 anos atrás, que ninguém faz nada para melhorar os serviço mais elementares, que os boeiros explodem, as escadas dos bombeiros são pequenas, mas que, segundo nossos dirigentes, o Brasil _o Rio, sobretudo_ está bombando? O governador declarou que o socorro foi de padrão internacional, que tal? Claro, ele deve estar comparando com Paris, onde passa a maior parte do tempo; já o nosso prefeito só pensa em carnaval, em samba, em alegria. Eu preferia ter um prefeito e um governador mais sérios, que cuidassem mais danossa cidade e de seus habitantes. Aliás, não me consta que o prefeito esteja estudando uma solução para os blocos, que este ano passaram de todos os limites; ele acha que legal é uma cidade animada.<br />
<br />
Tem horas que nem sei o que dizer. Será que esse país não vai ter jeito nunca? As escadas dos bombeiros eram e continuam sendo pequenas? Então, feche-se o Corpo de Bombeiros, por sua inutilidade. <br />
<br />
E aproveitando o embalo, fecha-se Brasilia. </span><span style="font-size: 24pt;"> </span></span>
<!--EndFragment-->
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-36541961870955196902013-03-03T07:24:00.001-08:002013-04-29T22:23:40.387-07:00Um homen fiel<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-KLthep3kDfU/UTNrKe02jXI/AAAAAAAAB3k/B3wuX3VNJRI/s1600/Captura+de+tela+2013-03-03+a%CC%80s+12.21.41.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="148" src="http://4.bp.blogspot.com/-KLthep3kDfU/UTNrKe02jXI/AAAAAAAAB3k/B3wuX3VNJRI/s400/Captura+de+tela+2013-03-03+a%CC%80s+12.21.41.png" width="400" /></a></div>
<br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><br /></span></span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 3 de março de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><br /></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><br /></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"> </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"> </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"> As mulheres são curiosas. Outro dia ouvi de uma amiga a seguinte pérola: “não é nem que eu esteja assim tão apaixonada, mas estou com XXX porque ele é incapaz de me trair”. A certeza com que ela disse isso _ e a felicidade _, me levaram a pensar: será que essa é mesmo amaior qualidade que se pode querer de um homem? Que ele seja incapaz de nostrair? É um caso a pensar.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><br /></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"> Naturalmente nenhuma mulher está querendo que o homem com quem pretende compartilhar a vida saia atrás da primeira mulher que passar pela frente; mas é preciso que o homem que se ama seja capaz de quase tudo, e nesse quase tudo está incluída a capacidade de achar graça em muitas mulheres; aliás, em quase todas. E é essa capacidade que põe a mulher louca _ por ele. Está-se falando de amor, claro, e qual a mulher que consegue amar sabendo que o homem que ama é incapaz de trai-la, que ela pode passar a vida fazendo qualquer coisa _ ou nada _ que vai ser amada da mesma maneira?</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><br /></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"> O que conserva o amor em altíssima temperatura é a incerteza, é a dúvida. Será que ele foimesmo a um jantar de trabalho? Será que foi mesmo ao futebol? E quando o celular tocou e ele disse que não podia falar, que ligava depois, não seria uma mulher? Claro que era, ela vai pensar. E vai viver no fio da navalha, sem certeza alguma do que está se passando, razão mais do que suficiente para não conseguir dormir, para viver atenta, prestando atenção a tudo, sobretudo aos silêncios. Viver à beira do precipício é o maior combustível para uma paixão, e muitos confundem insegurança com sentimentos mais profundos.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><br /></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"> Uma mulher que não tem muita certeza da fidelidade do seu parceiro nunca será vista precisando pintar a raiz dos cabelos ou sem pelo menos um pouquinho de maquiagem. Ela sabe que vive sempre por um fio, e nada melhor para alguém se sentir viva do quesaber que a qualquer momento pode ganhar _ ou perder _ a vida, o dinheiro, o homem amado. Estabilidade? E alguém tem estabilidade em alguma coisa? Se alguém achar que tem, além de ser um ingênuo, vai perceber que é a morte em vida. </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><br /></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"> Que você seja a pessoa mais rica do mundo, mais bonita, mais poderosa, pode acontecer de um dia, em um minuto, perder tudo. Se houver uma revolução, o mais rico de todos pode ficar pobre _ e até ser preso; se a mais linda tiver a pouca sorte de passar num desses bueiros que no Rio às vezes explodem, corre o risco de irpara o hospital para cuidar de suas queimaduras, e dizem que dor maior não há; e o poder _ bem, basta ler os jornais, qualquer um, de qualquer país, para ver que se trata de uma gangorra. Faça um exercício de memória e lembre dos nossos governantes do passado, que saíram debaixo de escândalos, e onde eles estãoagora, poderosíssimos de novo; nesse ramo, mais do que em qualquer outro, tudo acontece, inclusive o impossível. </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><br /></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"> É essa certeza de não poder saber nada sobre o futuro que pode, às vezes, trazer uma notícia maravilhosa _ embora seja raro _, ou acabar com suas ilusões e até com seu mundo.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><br /></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">
</span><span style="font-family: Courier, Courier New;"><span style="font-size: 26pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"> Complicado, mas esse talvez seja o sal da vida. </span></span><br />
</span></span>
<!--EndFragment-->
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-9314869514895092862013-03-01T03:20:00.001-08:002013-04-29T23:09:14.606-07:00Não Chore Guilhermina<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-LNV1ex0ET4c/UTCO1iqIH5I/AAAAAAAAB3Q/1mTx9CPz0lU/s1600/Imagem3+co%CC%81pia.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="145" src="http://2.bp.blogspot.com/-LNV1ex0ET4c/UTCO1iqIH5I/AAAAAAAAB3Q/1mTx9CPz0lU/s400/Imagem3+co%CC%81pia.png" width="400" /></a></div>
<div style="font: 12.0px Helvetica; margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px;">
<br /></div>
<div style="font: 12.0px Helvetica; margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px;">
<br /></div>
<div style="font: 12.0px Helvetica; margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 24 de fevereiro de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span></div>
<div style="font: 12.0px Helvetica; margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; min-height: 14.0px;">
<br /></div>
<div style="font: 12.0px Helvetica; margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px;">
Passei a detestar clubes desde o dia em que, há muitos anos, presenciei uma conversa entre alguns sócios de um famoso clube do Rio, o Country. Nesse tempo a garotada tinha amania de roubar carros, dar umas voltas no quarteirão e depois largá-los emqualquer lugar. Detalhe: não eram ladrões, apenas adolescentes brincando detransgredir.</div>
<div style="font: 12.0px Helvetica; margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px;">
Só que nesse dia a polícia viu, e foi atrás; os meninos, apavorados, entraram no estacionamento do Country (eram filhos de sócios), e a polícia foi atrás. O final dessa história não importa, mas nunca esqueci do que ouvi. Segundo esses sócios, a polícia não tinha o direito de entrar num clube privado, que tal?. Foi a partir daí que comecei a detestar clubes e, mais ainda, os que ditam as regras dosclubes.</div>
<div style="font: 12.0px Helvetica; margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px;">
No Country é assim: a pessoa que pretende ser sócia, em primeiro lugar compra um título _ entre R$ 500.000,00 e R$ 1.000.000,00; depois paga o mico de ter seu nome estampado num quadro, e se arrisca a pagar um mico ainda maior, o de não ser aceito (as famosas bolas pretas), e ter que fingir que nada aconteceu. Ninguém jamais saberá por que razão a pessoa levou bola preta, e também jamais saberá quem deu a(s) bola(s) preta(s). Esse é um ato de covardia explicita, e como no clube ninguém tem assunto, um prato para os sócios. O alvo predileto dos que votam costuma ser mulheres solteiras e bonitas; eles sabem, intuitivamente, que a elas jamais terão acesso. E tem o grupo das mulheres, que pressiona os maridos para votar contra, porque não querem no clube mulheres solteiras e bonitas, ai ai.</div>
<div style="font: 12.0px Helvetica; margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px;">
O Country é um clube decadente, frequentado por pessoas _ excetuando algumas poucas _ tão decadentes quanto. Gente que não tem coragem de se expor, e passa a vida almoçando, jantando, casando, traindo, roubando, dando pequenos golpes dentro da própria família, protegida pelas paredes do clube; lá tudo pode e tudo é perdoado, desde que aconteça entre os sócios. É como se fosse um país dentro de outro país, com um presidente, seus ministros, suas fronteiras, suas leis. Não sei onde tem mais mofo, se nos sofás ou nas cabeças desses frequentadores, que adoram seus privilégios: as piscinas, as quadras de tênis, a liberdade de assinar as notas para pagar no fim do mês _ quando pagam. Como os sócios estão, em boa parte, falidos, podem comer seu picadinho _ ruim _ lembrando dos velhos tempos. Bom mesmo vai ser no dia em que um deles escrever um livro contando as histórias do clube, que devem ser de arrepiar, mas vai ser difícil: quando você fica sócio, passa automaticamente a fazer parte de uma sociedade secreta, tipo uma máfia, onde a ormetà (voto de silêncio) é sagrada. Tudo pode _ e põe tudo nisso _, desde que seja só entre eles.</div>
<div style="font: 12.0px Helvetica; margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px;">
Logo que cheguei de férias soube do affair Guilhermina Guinle, que tentou ser sócia do clube mas foi bombardeada por bolas pretas. Pensei, pensei, e não entendi. Por que uma mulher bonita, charmosa, rica, de sucesso, quer ser sócia do Country? E pensei que, como todos os que já receberam as tais bolas pretas, ela mereceu: é o castigo de querer pertencer ao clube mais gagá do Brasil. Dá para entender que uma pessoa pague uma fortuna pelo título de um clube em que alguns poucos vão decidir se ela pode frequentá-lo? E é possível alguém querer frequentar um lugar em que é preciso pedir licença para entrar, e essa permissão ser dada _ ou não _ por um pequeno grupo cujo momento de gloria é a reunião do clube, onde podem dar vazão às suas frustrações e se vingar da vida? Não dá para entender mes-mo.</div>
<div style="font: 12.0px Helvetica; margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px;">
Aliás, seria uma boa idéia desapropriar aquele belo terreno que dá frente para a Av. Vieira Souto e fazer ali um jardim público onde os atuais sócios poderiam ir dar seus passeios e falar mal da vida dos outros, sem pagar um só tostão.</div>
<div style="font: 12.0px Helvetica; margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px;">
O papa se demitiu, os meteoros estão caindo, o mundo se acabando, e o Country continua acreditando em suas bolaspretas. É de chorar.</div>
<div>
<br /></div>
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-3477831076091007932013-01-27T02:39:00.000-08:002013-04-29T22:25:31.687-07:00Hora de mudar<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-v_nWxfr5hvI/UQTq7gLAQeI/AAAAAAAAB28/cndxJBKxd7k/s1600/Imagem10.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="http://1.bp.blogspot.com/-v_nWxfr5hvI/UQTq7gLAQeI/AAAAAAAAB28/cndxJBKxd7k/s400/Imagem10.png" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 27 de janeiro de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br />
<br />
Eu amo Paris, mas adoro Lisboa; é a cidade mais amável e gentil de toda a Europa.<br />
<br />
Nos poucos dias que passei lá, vindo de Paris, num primeiro momento houve uma inevitável comparação com a cidade que havia deixado _ com vantagem para Paris. Já no segundo dia tudo estava diferente. Era como se tivesse chegado a um Rio de 1800, pois algumas coisas em Lisboa não mudam, e é delas que mais gosto: um comércio antigo, chapelarias, pequenas lojas que apregoam “cintas e soutiens”, e os alfacinhas, como são chamados os lisboetas, encostados nos prédios, conversando e fumando. Fuma-se muito em Lisboa, e um dia, num restaurante, o garçon perguntou se eu preferia ficar na sala dos fumadores ou na outra, onde não se fuma. Acho que é o único restaurante que conheço em que existe uma sala onde se pode fumar durante arefeição. <br />
<br />
Os 5 dias que passei em Lisboa viraram minha cabeça; começo a pensar que a viagem certa seria escolher uma cidade _ pequena _ e lá ficar por 10, 15 dias, prestandoatenção às pessoas, aos costumes, vivendo uma vida normal, passeando a pé, sem obrigação de ver nada. Eleger um café para passar duas vezes por dia, onde acabaria sendo reconhecida e tivesse alguém que me dissesse bom dia, um restaurante onde o garçon talvez me chamasse pelo nome, e me sugerisse o que comer. Uma cidade onde não houvesse nada para comprar, a não ser um queijo da terra, um doce da terra; uma cidade que, sobretudo, não estivesse na moda. <br />
<br />
Penso em uma cidade pequena, talvez o Porto, e vou contar porque. Como ia haver um jogo de futebol importante, entre um clube do Porto e outro de Lisboa, a televisão fez uma grande matéria sobre as duas cidades. E as pessoas que foram entrevistadas disseram que Lisboa é uma cidade desumana, onde ninguém recebe as pessoas em casa, só nos cafés e restaurantes, mas que eles, do Porto, não: têm o hábito de abrir suas casas para os amigos a qualquer hora do dia, e prazer em fazer um almoço para mostrar como lá se come bem _ e aí mostraram o mercado de peixes, as frutas, os vinhos, e falaram sobre o que cozinhariam para bem receber umforasteiro. Coisas incríveis, como salada de orelha, bochechas de porco, doporco do qual se faz o melhor presunto do mundo, o pata negra, nem gosto depensar. Estou louca para conhecer o Porto.<br />
<br />
E afinal, o que se quer de uma viagem? Preocupações zero, compromissos zero, comer bem, e se tiver exagerado no vinho durante o almoço, poder ir dormir um pouco sem o menor remorso de não ter visto um museu incrível, ou mais um castelo. Quando estava em Paris inventei de ir a Versailles, e foi lamentável. Montes de ônibus de turistas, todos tirando fotos _ enfim, tudo que já se sabe. Mil vezes tivesse comprado um belo DVD para ver em casa.<br />
<br />
Mas nada é perfeito, e em Lisboa tive momentos de angústia: não houve um só dia em que não tenha sido abordada por 2, 3 pessoas, pessoas de 25 a 50 anos; elas se apresentavam, diziam o nome, idade, origem, e pediam uma ajuda em dinheiro. Não eram mendigos nem pareciam pobres; todas/todos vestidos corretamente, educados, mas precisando de uma ajuda financeira, o que foi muito triste. <br />
<br />
Mesmo assim, Portugal é o país ideal para passar dias encantadores de muita paz _ e, aproveitando, dar uma pequena ajuda para o país sair da crise.<br />
<br />
PS 1 – Chegando ao Brasil e lendo os jornais tive uma saudade enorme da figura de Marina Silva, da correção de Marina Silva, da integridade de Marina Silva. Precisamos de Marina em 2014.<br />
<br />
PS 2 – Estou de férias mas volto, bom carnaval.</span>
<!--EndFragment-->
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-49895511975493143012013-01-20T15:03:00.000-08:002013-04-29T22:26:20.866-07:00As classes sociais<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Pm6BNLwDJp0/UPx3r2pcy_I/AAAAAAAABzQ/V_apGzkZSK8/s1600/Imagem22.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="http://3.bp.blogspot.com/-Pm6BNLwDJp0/UPx3r2pcy_I/AAAAAAAABzQ/V_apGzkZSK8/s400/Imagem22.png" width="400" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span><!--StartFragment--><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 20 de janeiro de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br />
</span><br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Aí você sai para jantar com amigos e vai a um restaurante bem chique. O maÎtre, que de paletó preto e calça listada parece até um noivo, é cheio de gentilezas; faz maneirismos, propõe pratos interessantíssimos e ainda diz que o chef pode fazer qualquer coisa que você invente, só para te dar prazer. Por outro lado, os garçons não deixam seu copo ficar vazio um só instante, e ficam de olho para ver se o pão acabou, se o guardanapo caiu no chão, tudo para seu conforto efelicidade. <br />
<br />
Aí, uma noite você volta ao mesmo restaurante e como o clima está bom, a bebidadescendo bem e todos alegres, a noite vai passando, as outras mesas vão indo embora, menos a sua, que vai ficando, ficando, até ser a única que sobrou. <br />
<br />
Lá pelas tantas os funcionários começam a ir embora; um dos maÎtres, daqueles tão elegantes, sai vestindo uma camisa de algodão feia e de má qualidade, com uma capanga debaixo do braço. Aos poucos vão saindo os garçons; a maioria usa camiseta com uma estampa, algumas do seu time do coração, todos loucos parachegar em casa e poder descansar. Aí então você tem uma súbita percepção darealidade, pensa que passou a noite num teatro, e mais: fazendo parte do espetáculo. <br />
<br />
Aqueles funcionários tão educados e de tão boas maneiras são pessoas que passam parte da vida representando, e depois de lidar com as comidas e bebidas mais caras, quando terminam o trabalho vão esperar o ônibus para voltar para casa, uma casa modesta onde alguém está esperando: a mãe, uma namorada, ou mulher e filhos já dormindo, já que não puderam sair mais cedo porque seu grupo ficou dando risada e dizendo bobagem.<br />
<br />
É curioso que esses garçons, que te tratam tão bem, não se despedem quando estão indo embora. Na hora da volta à realidade, quando o espetáculo termina _ já na vida real, portanto _, garçons não falam com clientes. Já pensou encontrar na praia, que é o lugar mais democrático que existe, aquele que é tão solícito e simpático, vocês dois de calção? Vão sorrir um para o outro da mesma maneira? Provavelmente não vão nem se reconhecer.<br />
<br />
Você bebe seu penúltimo drink pensando nessas loucuras da vida. A conta de uma das mesas resolveria o problema de fim de mês daquele garçom; o que se passa nacabeça dele? Será que fica feliz porque tem gente consumindo, o que é a segurança do seu emprego, ou enquanto serve e é gentil pensa no preço do vinho italiano e tem vontade de quebrar a garrafa _ cheia _ na cabeça do cliente que já pediu mais uma? Não necessariamente para matar, só para fazer aquele estrago, e exatamente na cabeça daquele que dá as maiores gorjetas. E alguém tem o direito de dar uma gorjeta, alta ou baixa, só porque quer? Porque pode? É muita humilhação.<br />
<br />
Mas não faz nada; dentro de sua relativa ignorância _ ou sabedoria _, sabe que pegaria vários anos de cadeia se fizesse o que está com vontade de fazer, esabe também que ninguém entenderia; afinal, sempre foi considerado um funcionário exemplar.<br />
<br />
Ela vê tudo isso como se fosse um filme; toma mais um drink, o último, dá várias risadas, as últimas, e vai para casa pensando se não seria mais feliz se não pensasse em tanta bobagem.<br />
<br />
Tanta bobagem?</span><br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<!--EndFragment-->
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-30142466328832824022013-01-13T00:44:00.001-08:002013-04-29T22:26:51.752-07:00Cadeia Vip<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-IlFVqkxGaUI/UPJzxJAM39I/AAAAAAAABx8/4J_QJP83Pxc/s1600/Imagem5.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="http://3.bp.blogspot.com/-IlFVqkxGaUI/UPJzxJAM39I/AAAAAAAABx8/4J_QJP83Pxc/s400/Imagem5.png" width="400" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 13 de janeiro de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"> A iniciativa privada tem em seus planos construir e gerenciar presídios. Ótimo; assim nossos presidiários poderão ter vida mais digna. É natural que um grande empresário que não agiu de acordo com a lei, cumpra pena em local condizente com sua situação social. As prisões poderão ser de vários tipos, de uma a 5estrelas, essas para pessoas mais ilustres, mas em todas a hospedagem deverá ser paga. Então aí vai minha pequena colaboração, para que os anos passadoslonge do convívio dos seus próximos sejam menos dolorosos.<br />
<br />
As prisões cinco estrelas teriam suítes de luxo, todas com TV, mas onde só seriam exibidas minisséries, novelas e filmes; proibidos os programas jornalísticos, para que não possam acompanhar o que está se passando no mundo (e se inspirar para novos negócios). Jornais, computadores e celulares seriam proibidos e em matéria de imprensa, só a revista Caras, para que eles vejam o que estão perdendo. <br />
<br />
A diária seria cara, mas isso não seria problema, claro. Haveria muito conforto: sala de ginástica, churrascaria, um bistrot francês e um sushi bar. Eles teriam que passar o dia sós, dentro de seus aposentos _ afinal, prisão é prisão _, mas a partir das 7 da noite poderiam se reunir para conversar e até jantar juntos; bebida alcoólica, liberada às visitas, só nos fins de semana. A vida dos detidos não seria ruim; eles teriam direito a quase tudo, menos à liberdade, mas esse quase tudo seria muito caro.<br />
<br />
Cadacoca-cola, cada sushi, cada camisa lavada e passada, cada charuto cubano, cada roupa de cama trocada custaria uma verdadeira fortuna, e assim parte do dinheiro ganho de maneira desonesta poderia ser recuperado; a única obrigação que teriam seria assistir a uma aula diária de Moral, para aprenderem o mais elementar: que roubar um banco ou o dinheiro do Estado é a mesma coisa, e que “dar uma tacada” ou “fazer um negócio” pode ser tão grave _ ou mais _ quanto assaltar uma pessoa na rua com um revolver na mão. <br />
<br />
Os presidiários deverão trabalhar enquanto estiverem presos, e o estabelecimento seria administrado exatamente como qualquer empresa. O mais inteligente seria o presidente, e escolheria seus colaboradores: quem cuidaria da tesouraria, ou das relações públicas, e haveria sempre alguém para descolar um iPad ou uma garrafa de whisky; tudo pago em dinheiro, cash, e sem recibo, porque são essas manias de assinar cheques e dar recibos que acabam na Justiça. <br />
<br />
As empresas ganhariam muito dinheiro administrando essas prisões; tanto, que não precisariam mais de contratos com o governo para construir pontes, estradas, estádios de futebol, trem-bala e aeroportos.<br />
<br />
E assim, quem sabe, teríamos um país mais decente.<br />
<br />
Paris 1 – os parisienses antenados não vão mais ao Café de Flore _ são turistas demais. Seus encontros agora são marcados no Café Bonaparte, bem pertinho, na praça da igreja de St. Germain, e se você quer parecer que sabe das coisas, já sabe:encontros, só no Bonaparte.<br />
<br />
Paris 2 – se você fizer uma comprinha na Cartier, seja uma pulseira de 300.000 euros ou algo mais importante, não pense que vai sair exibindo a sacolinha vermelha com o nome Cartier em dourado. É assim: a jóia é colocada na sacolinha vermelha, que por sua vez é colocada dentro de uma sacola branca, para que ninguém tenha a tentação de roubá-la. Chique, não? <br />
<br />
Paris 3 – para jantar na Maison du Caviar _ 950 euros as 100 g. do beluga gros grains _ é preciso reservar, pois a casa está sempre cheia, sobretudo de armênios e russos.<br />
<br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Paris 4 – Mas para quem não liga para caviar, Paris é o lugar. O preço dos restaurantes é quase ridículo, perto dos do Rio e de SP, e da qualidade, nem falemos.</span></span><br />
<span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-size: 12pt;"><br />
</span></span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Courier, Courier New;"><span style="font-size: 16pt;"> <br />
</span></span></span>
<!--EndFragment-->
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-19883019595335037982013-01-06T02:34:00.001-08:002013-04-29T22:27:25.412-07:00A repetição<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-Yw4o-HNY_4A/UOlTGkrBqgI/AAAAAAAABxo/yGAGEPHbv2A/s1600/Imagem5.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="148" src="http://1.bp.blogspot.com/-Yw4o-HNY_4A/UOlTGkrBqgI/AAAAAAAABxo/yGAGEPHbv2A/s400/Imagem5.png" width="400" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span><!--StartFragment--><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 6 de janeiro de 2013, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
Uma viagem costuma ser assim: primeiro você inventa, depois se programa, acerta o roteiro, as datas, reserva o hotel, e fica contando os dias para a partida. Ele chega, enfim.<br />
<br />
O avião costuma sair à noite, e como já está tudo resolvido _ malas fechadas, quem vai cuidar do gato, etc. etc. _, você passa o dia inteiro sem fazer nada, pensando seriamente na razão pela qual vai viajar; a casa está tão boa, os amigos por perto, não faz sentido atravessar um oceano para se instalar num quarto que é a metade do seu, e curtir. Mas ficou combinado que não se pode desistir de uma viagem por nada, então, vai; se arrastando, com dor na coluna, mas vai. <br />
<br />
Realidade, seu nome é aeroporto. Não é preciso falar das horas passadas no avião cheio de crianças barulhentas, da chegada arrasada, arrastando uma mala de rodinhas com o laptop que levou para poder ler os jornais do Brasil e saber como vai a política; vamos fazer de conta que foi tudo uma maravilha. Até foi, se formos simplistas e acharmos que o fato de o avião ter chegado, e as malas não terem sumido faz com que uma viagem seja uma maravilha.<br />
<br />
Aí você toma um taxi, o motorista por acaso é simpático, e você vai indo para o hotel desempre, com o qual sonha há meses, e durante o percurso pensa, como aliás em todas as viagens: “o que é que estou fazendo aqui?” e não encontra resposta satisfatória.<br />
<br />
É bem recebida, o pessoal do concierge te conhece há anos, larga as malas no quarto e sai para dar uma volta e se sentir na cidade. Afinal, Paris é Paris.<br />
<br />
Percebe que não está com aquela coceira de comprar alguma coisa, seja o que for, só assim, para nada. Como está com fome, para num bistrot e pede uma coisa que adora:ostras com um copo de Chablis. Tá bom, não tá? Devia estar, mas não está. Enquanto toma o vinho, percebe o quanto já conhece esse filme, que é sempre o mesmo. Amanhã vai estar melhor, no fim da semana melhor ainda, adorando tudo, e pensando seriamente em se mudar de país para sempre. Digamos que não para sempre, mas por uns 3 meses. Pretende até ir ver uns studios para alugar, mas tem consciência de que não quer fundar um lar, gosta mesmo é de um hotel, e é isso que procura em uma viagem. <br />
<br />
Ainda tendo pela frente 3 semanas para curtir sua querida Paris, curte, mas já sabendo como esse episódio vai terminar. Quando chegar de volta ao Rio, e vir 6 sambistas no aeroporto às 4h da manhã (é véspera de carnaval), com um calor de 38º, vai ter vontade de dar meia volta e ser moradora de rua em qualquer lugar onde não tenha tanto samba, tanta alegria, tanta animação, tanto sol.<br />
<br />
Dureza é chegar em casa e abrir as malas: tirar as botas, os casacos de lã, mandar para o tintureiro, e o pior de tudo: a readaptação à vida real.<br />
<br />
Para que isso aconteça, são necessárias de 2 a 3 semanas, mas um dia acontece. Como felizmente temos o dom de esquecer, é exatamente nessa hora que se começa apensar na próxima viagem, que vai ser, provavelmente, igual a essa e a todas as outras, e assim a vida continua.<br />
<br />
De Paris: eu já sabia que a livraria La Hune, entre o Café de Flore e o Deux Magots ia se mudar. Mas saber é uma coisa; ver, outra. Quando me instalei na terrasse doFlore, e olhei à esquerda, no lugar da antiga livraria, vi um espaço vazio, em obras; uma tristeza. E quando vi os toldos já no lugar, com a marca Louis Vuitton, quase chorei. La Hune, símbolo de St. Germain des Près, cedeu seu lugar para que ali seja instalada uma loja LV? É o fim do mundo. <br />
<br />
No dia 29 de dezembro, nas três lojas Hermès de Paris havia pouquíssimas agendas para vender, e só alguns poucos modelos; um verdadeiro choque, para quem não vive sem elas. As lojas Hermès sem agendas no final do ano? É o fim do mundo.<br />
<br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"> E enfim uma boa notícia: as coleções primavera/verão já chegam às vitrines, e tenho o prazer de anunciar que aqueles sapatos que parecem botas, e sobem pelas pernas feito polvos, deixando as pernas das mulheres com 5 centímetros, já eram. </span></span><br />
<span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-size: 12pt;"><br />
</span></span><span style="font-size: x-large;"><span style="font-family: Courier, Courier New;"><span style="font-size: 24pt;"> </span></span></span>
<!--EndFragment-->
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-9960900618564301592013-01-04T01:47:00.001-08:002013-04-29T22:31:21.433-07:00Novos encontros<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-rM8_8ZJYe-g/UOalKD36voI/AAAAAAAABw0/G4dHl3BRHrk/s1600/Imagem4.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="146" src="http://4.bp.blogspot.com/-rM8_8ZJYe-g/UOalKD36voI/AAAAAAAABw0/G4dHl3BRHrk/s400/Imagem4.png" width="400" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 30 de dezembro de 2012, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Uma amiga me ligou, cheia de dúvidas, querendo saber como se vestir e que personalidade adotar para um primeiro encontro. Dei palpites, os de praxe: que ela deveria ser ela mesma etc. etc. Contei essa história para um amigo e ele me desorganizou, mostrando que as coisas não são bem assim. Ótimo, homem é para isso mesmo: para nos desorganizar. <br />Na sua opinião, não deve haver preocupação alguma, porque o primeiro encontro não tem hora marcada; que o verdadeiro encontro de um homem com uma mulher é tão imprevisível que questões como roupa, postura e conversa não têm a menor importância, já que não há como se programar. Ah, esse homem sabe das coisas. <br />Depois de contar vários que aconteceram em sua vida _ todos absolutamente inesperados _ ele explica que o primeiro encontro é um prato que "não exige preparo"; não há que ser alguém, ninguém, nem você mesma. Para que um primeiro encontro aconteça, é preciso que se esteja preparada para ele _ ou o encontro acaba em desencontro. </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Homens e mulheres, decididamente, não são iguais; um homem pode se apaixonar por uma mulher só porque a viu envolta em rendas ou saindo do mar depois de um mergulho. Mas dificilmente um homem, desembarcando de um táxi, provoca uma impressão definitiva em uma mulher, a não ser que ele seja mesmo muito especial _ o que, convenhamos, é raro. Não sei se é um problema cultural ou da natureza mesmo, mas dificilmente uma mulher se envolve com um homem num primeiro olhar, num rápido encontro. Pode até acontecer, mas é difícil. <br />Talvez sejamos mais medrosas, talvez mais contidas, mas o fato é que dificilmente sentimos esses grandes impulsos assim, à primeira vista. Para que uma mulher seja conquistada o homem tem que dispor de tempo, de talento, e se empenhar. Para uma mulher é bem mais fácil: basta um vestido sexy, uma perna cruzada da maneira certa e um olhar desavergonhadamente casto, e pronto. <br />Sabe por que somos tão diferentes? Porque mulher tem mania de se apaixonar, e tem também a fantasia de que o amor é eterno; nenhuma se apaixona por uma aparência, e como os homens pensam exatamente o contrário, a equação fica difícil. <br />Vamos, então, desdizer tudo que foi dito: para que o encontro aconteça, é preciso sobretudo não planejar nada, mas estar preparada, internamente, para o que der e vier. <br />Quando uma mulher e um homem se sentam em volta de uma mesa costuma rolar uma certa tensão, o que impede aquela distração necessária para que o encontro aconteça. Seria preciso talvez que houvesse muitos impedimentos, quem sabe se ele fosse padre, talvez o marido de sua melhor amiga, que você estivesse vendo pela primeira vez. Esses seriam motivos bastante fortes para você conseguir tomar um vinho na maior inocência, sem ter, em nenhum momento, aqueles pensamentos inevitáveis: se aquele homem é ou não interessante, se é ou não charmoso, se está tentando seduzir você ou sendo apenas educado. É difícil, convenhamos. O homem consegue: a mulher, quase nunca. <br />Grandes encontros, sem nenhuma preparação, é coisa de homem. Mas e elas, estavam assim tão distraídas? Será? As mulheres, quando estão perto de um homem, são como os escoteiros: estão sempre alerta, no mínimo para testar como andam seus poderes de sedução. <br />Mas cuidado, se encontrar uma que pareça mais distraída: ela pode estar fazendo o que sabe fazer melhor, isto é, um gênero; como você já deve saber, mulher é capaz de fazer qualquer coisa para despertar o interesse de um homem. <br />Até de dizer não.</span></span><br />
<br />
<!--EndFragment-->
<br />
<br />
<br />bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-13452521456275015622012-12-23T02:27:00.001-08:002013-04-29T22:32:03.476-07:00Estar só<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-PBEUD23DYfU/UNbcgbdiLpI/AAAAAAAABk0/7Pul4WN6E-E/s1600/Imagem2+co%CC%81pia.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="146" src="http://1.bp.blogspot.com/-PBEUD23DYfU/UNbcgbdiLpI/AAAAAAAABk0/7Pul4WN6E-E/s400/Imagem2+co%CC%81pia.png" width="400" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 23 de dezembro de 2012, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
<br />
Do que mais se precisa na vida para ser feliz? De calor humano, dizem; por calor humanoentenda-se, para começar, de alguém com quem se compartilha a vida, uma família bem estruturada, e amigos, muitos amigos. Trocando em miúdos: para não correr o risco de ficar só _ nunca.<br />
<br />
Mas quanto mais gente em volta, mais problemas. Houve um tempo em que se dizia que os casamentos seriam felizes para sempre; mais tarde, que durariam 7 anos. Mas o mundo mudou, a ciência moderna constata que o amor dura no máximo 2 anos, e como ninguém suporta ser infeliz por mais de um fim de semana, o divórcio está em alta.<br />
<br />
E a família, como vai? Ninguém conta, mas raras são as que se dão bem, e quantomaiores elas são, mais brigas. Por ciúmes, inveja, e sobretudo por dinheiro. Aliás, dinheiro é o grande responsável por quase tudo; ouso dizer (mas sem muita certeza) que existem mais brigas por dinheiro do que por amor. <br />
<br />
Quando se vê um um homem ou uma mulher (sobretudo) com mais de 50, vivendo só, tem sempre uma amiga que diz _ com a melhor das intenções _ ah, você precisa encontraralguém”. Às vezes a pessoa está bem, melhor do que jamais esteve, mas como existe essa certeza de que os seres humanos não podem viver sós, ninguém acredita – ou não quer acreditar ou não entende. Todos devem estar namorando, casando, ouqualquer outro nome que se queira dar, e se estiverem com um parceiro, mesmo tristes, infelizes, sem assunto, à beira de cometer suicídio ou um assassinato, qual o problema? O importante é estar acompanhada, o que aliás nos tira a felicidade de sermos as donas absolutas do controle remoto, e poder passar o fim de semana com a geladeira vazia e sem arrumar a cama.<br />
<br />
Aliás, o que as pessoas fazem para que isso não aconteça? Elas se cercam de pessoas com quem não têm quase nada em comum, dos quais frequentemente não gostam e atéfalam mal. Numa mesa de restaurante com 6, 8 pessoas, ninguém ouve o que o outro está dizendo, ninguém consegue trocar uma idéia com quem está a seu lado; mas essas são as pessoas que falam mais alto, que mais dão gargalhadas, quemais parecem estar felizes. Quem está só parece _ parece _ ser a mais infeliz das criaturas, sem ter um amigo para jantar, e em datas tipo Natal ou Ano Novo dão até vontade de chorar, de pena.<br />
<br />
Mas é curioso como nos relacionamos com nossos amigos _ com a maioria deles, digamos. Estamos sempre tentando contar uma boa novidade, ou sendo inteligente, ou falando coisas muito interessantes, para que nos tornemos muito interessantes e assim conservá-los. É bom ter um amigo animado, que entra em nossa casa falando alto, perguntando o que vamos beber, e fazendo planos fantásticos para o próximo fim de semana <br />
<br />
Mais curioso ainda é que não há amigo melhor neste mundo do que aquele em cuja companhia você se sente tão bem, mas tão bem, que pode até ficar calado pois parece que está só, vai entender. <br />
<br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"> E aproveitando _ e sendo bem incoerente, como é preciso ser às vezes _, um Feliz Natal para todos. </span></span><br />
<!--EndFragment-->
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-52443763388576428692012-12-16T05:28:00.000-08:002013-04-29T22:36:45.272-07:00Mais um<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-lvg_zPL6jxY/UM3MQ9PSEUI/AAAAAAAABic/Li3MBgR1DsI/s1600/Imagem2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="http://1.bp.blogspot.com/-lvg_zPL6jxY/UM3MQ9PSEUI/AAAAAAAABic/Li3MBgR1DsI/s400/Imagem2.png" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 16 de dezembro de 2012, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
<br />
<br />
Já que estamos em pleno clima de Natal, como enfrentar os próximos dias que nos esperam? Eu tomei minhas resoluções, e comecei a seguí-las há uma semana.<br />
<br />
Em primeiro lugar, sair de casa só por justíssima causa. Supermercado só aos domingos muito cedo, que é quando estão vazios, comprando o mínimo necessário para não morrer de fome. Pedir ao médico _ se ele não tiver viajado e seu consultório fique a não mais que um quarteirão de sua casa _ várias receitas de vários tranquilizantes e também de um poderoso sonífero para uma eventualidade mais grave (noite de 24). E passe direto na farmácia, para não ter que sair de novo e poder voltar para casa correndo. <br />
<br />
Se você faz parte da turma que se estressa no fim do ano _ e quem não faz? _ peça a seuporteiro para não lhe entregar um só pacote com ares de presente de Natal. Que deixe tudo para depois de 6 de janeiro, quando todos os festejos estarão terminados. Só então você vai telefonar para quem lembrou de você e agradecer, dizendo que foi passar as festas no Equador, e que adorou o presente. A única maneira de se liberar das lembrancinhas de Natal é jamais retribuí-las; um dia as pessoas compreendem. Mas o grande perigo é o telefone.<br />
<br />
Se você faz parte dos 99,9 % que usam celular é mais fácil, pois sabe quem está ligando e pode simplesmente não atender. Mas se pertence à turma dos que, como eu, só tem telefone fixo _ e com fio _, aí é preciso uma estratégia mais cuidadosa.<br />
<br />
Para aqueles 2 ou 3 amigos com que você se entende, é preciso combinar. Eles devem ligar, deixar o telefone tocar uma vez, e ligar de novo _ aí você atende. As pessoas que você mais adora na família (que não são todas) têm o direito de saber desse código, e assim você se liberta de ouvir os eternamente iguais Feliz Natal,coisa que eu nunca entendi muito bem. A não ser que seja uma pessoa verdadeiramente religiosa, que festeja com fervor o nascimento de Jesus _ e eu não conheço ninguém assim _, não dá para entender porque as pessoas se desejam todas um Feliz Natal. Eu entenderia melhor se todos os dias fosse cumprimentada pelo jornaleiro, a vendedora da loja, e todos meus amigos, com um Feliz Hoje; não seria mais legal? E para se defender da programação natalina, na TV, só o Animal Planet e o Canal Rural. <br />
<br />
Como falta só mais uma semana, procure não se estressar: o Natal passa.<br />
<br />
P.S. – Se nem os ministros do Supremo têm a mesma opinião sobre quem deve cassar os deputados condenados, se o STF ou a Câmara dos Deputados, nós, simples mortais, muito menos. Mas eu torço para que essa situação seja decidida ficando essa incumbência para o Supremo, porque não tenho a menor confiança em nossos nobres deputados _ nem tenho razão de ter. Não vamos nos esquecer que foram eles, em 2005, que votaram em Severino Cavalcanti com o claro intuito de bagunçar mais ainda a situação política na época, e acho perfeitamente possível que eles, escudados pelo voto secreto, sejam capazes de votar pela não cassação dos deputados condenados, o que seria uma total vergonha para o país, e que pode perfeitamente acontecer. <br />
<br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"> E não entendo como o ministro Celso de Mello se esqueceu de se vacinar contra a gripe.</span></span><br />
<span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-size: 12pt;"><br />
</span></span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Courier, Courier New;"><span style="font-size: 16pt;"> </span></span></span>
<!--EndFragment-->
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-80408076317005461132012-12-13T00:44:00.000-08:002013-04-29T22:33:25.219-07:00Quem ama mata _ ou morre<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-KuVKl3uMEE4/UMmVNqclIRI/AAAAAAAABiE/FVDNTEe4Ue0/s1600/Imagem20.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="148" src="http://4.bp.blogspot.com/-KuVKl3uMEE4/UMmVNqclIRI/AAAAAAAABiE/FVDNTEe4Ue0/s400/Imagem20.png" width="400" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 16 de dezembro de 2012, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">
<br />
<br />O amor é maravilhoso, não é? É, responde o mundo em coro. Mas porque será que as pessoas mudam tanto quando apaixonadas? Os mais boêmios, que passavam as madrugadas contando histórias idiotas mas muito divertidas, que tinham sempre uma opinião diferente e original sobre os assuntos do dia, se tornam austeros _ e a bem da verdade, bem menos interessantes.<br />O affair do diretor do FMI, por exemplo; qualquer homem, em companhia de seus íntimos, dirá que se a camareira fossegostosa faria a mesma coisa. Única ressalva: negaria até o fim, mesmo diante da Suprema Corte. Mas se estiver ao lado da namorada vai dizer que esse tipo de procedimento é indigno, e que um homem que se respeita não pode, jamais, fazer nada de parecido. Quanto a elas _ bem, se eles são assim, porque elas seriam diferentes?<br />Num almoço só de mulheres, depois da segunda caipirinha, algumas serão suficientemente francas para dizer que adoram homens atrevidos e ousados. Mas ponha essas mesmas mulheres ao lado dos maridos e pasme diante do que elas vão dizer, dele e da pobre camareira.<br />Um homem ao lado da mulher que ama é outra pessoa, alguém que nem mesmo sua própria mãe é capaz de reconhecer; ele é capaz de dizer que não acha a menor graça em mulher alguma, que quem ama é fiel, e que para ele só existem duas coisas que realmente importam: ela _ em primeiro lugar _ e o time pelo qual torce. Se você encontrar esse mesmo homem almoçando com três amigos no Centro da cidade, traçando uma linguicinha com um chope, vai descobrir que se trata de outra pessoa, só pelo som das gargalhadas. E se passar uma bela morena com as pernas de fora, será um belo festival de baixarias.<br />Se você tiver uma única e grande amiga e ela se apaixonar, fique sabendo que ficou sozinha no mundo. Fazer uma refeição com um casal apaixonado está acima das forças de qualquer ser humano não apaixonado, pois o mundo deles é diferente, e nele não há lugar para pessoas normais.<br />Quem ama se transforma em outra pessoa com outros gostos e outras opiniões, capaz de roubar a aliança da própria mãe para passar um fim de semana no Caribe com o ser amado, isto é: torna-se uma pessoa indigna de nossa confiança. <br />Aquela mulher que quando entrava na discoteca começava a mexer o corpo, hoje em dia fica paralisada, surda e muda, talvez pelas lembranças que a música traz _ ah, como são coerentes, as mulheres. Só que ele se apaixonou por ela exatamente quando ela mexia não só o corpo como o gelo do copo de uisque com o dedo, e agora, quando olha para aquela mulher austera não entende por que a vida era tão melhor.<br />Você já foi a um show de strip-tease com seu amado? Bem, quando o romance começou ele brincava e atiçava seus ciúmes comelogios às gostosas no palco; agora, quando vê uma mulher pelada numa revista, olha sério, sem uma só expressão no rosto, como se estivesse vendo um quadro num museu. Ele virou um marido, tudo que você sempre quis, e por nada no mundo você faria um strip particular só para ele, como já fez; certas coisas não são para serem feitas com marido. <br />Tente ir com ele a uma praia da Europa, daquelas em que as mulheres tiram muito naturalmente o sutiã para tomar sol. Nervoso ele vai ficar _ ah, isso vai. Faça então uma experiência e diga que vai tirar o seu: um homem das cavernas vai surgir de dentro daquele que passava a mão nas suas pernas no carro, no meio do trânsito, com o ar mais sério do mundo. <br />Onde foi parar esse homem? Onde foi parar aquela mulher que vivia feliz e risonha, que não queria nada da vida a não ser ficar junto com ele, agarrada, apaixonada?<br />Quem ama não mata? Mata, sim; ou mata o outro, ou mata a si próprio _ e o fim dessa história a gente conhece.</span><br />
<br />
<br />
<!--EndFragment-->
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-20182540862787245742012-12-01T22:20:00.001-08:002013-04-29T22:34:15.227-07:00Coisas em geral <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-g9AoIwtJHac/ULrzFbQUJfI/AAAAAAAABhM/6CkTDCzCJIQ/s1600/Imagem20.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="http://1.bp.blogspot.com/-g9AoIwtJHac/ULrzFbQUJfI/AAAAAAAABhM/6CkTDCzCJIQ/s400/Imagem20.png" width="400" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 2 de dezembro de 2012, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
<br />
Agora que os festejos já acabaram, é a hora do perigo, então vou me dar ao direito, já pedindo desculpas, de dar umas dicas à Suprema Corte. Mas antes vou estranhar um pouco a lista dos artistas convidados para a posse, todos negros: Lázaro Ramos, Milton Gonçalves, Martinho da Vila; brancas, só Regina Casé e Lucélia Santos (mas essa tinha direito, porque foi a Escrava Isaura); não será isto uma forma de preconceito? Vamosfalar a verdade: neste momento, quem é branquelo não está com nada.<br />
<br />
Convites de todos os tipos vão surgir, e eu diria que não aceitassem nenhum. Quase nenhum.<br />
<br />
Almoçar e jantar, só com amigos, mas amigos de infância ou dos tempos pré-mensalão. E se num restaurante um fã chegar com o celular, devem deixar que batam a foto, sim, para não ficarem antipáticos, mas a uma certa distância; e sérios, para não parecerem íntimos. Pode até pintar um convite para o ministro Fux gravar um CD. <br />
<br />
A imprensa vai querer saber das intimidades, qual o prato preferido, a pasta de dentes que usa, se praticamalgum esporte, por que time torcem, se vêem novela, e peço a Deus que dê muito juízo aos ministros para não responderem a pergunta alguma.<br />
<br />
Revistas de decoração vão tentar fotografar a casa de cada um deles, e suas mulheres serão seguidas nos cabelereiros para que o mundo saiba se elas pintam ou não o cabelo, e a cor do esmalte que usam. E se algum deles for solteiro, manda a prudência que elesguardem uma castidade digna de um jesuita, porque assédio vai haver, ah, isso vai. <br />
<br />
Tudo tem um preço, e o deles vai ser ficarem o mais longe possível das badalações; mas eles são seres humanos, ealgumas serão tentadoras, mas devem resistir, porque o mundo é assim: um dia se é herói, e qualquer descuido faz com que o ídolo da véspera seja a Geni de amanhã. <br />
<br />
O grande perigo vai ser o carnaval; convites para os melhores camarotes vão pintar, se bobear até mesmo para sair numa escola de samba, o que seria a catástrofe final. Mas um ministro também é gente, e se o prefeito sai na bateria do Salgueiro, por que eles não poderiam? Porque não podem. E as ministras que se cuidem, pois não é impossível, com todo o respeito, que sejam convidadas até para posar para alguma revista de moda _ ou pior. <br />
<br />
Quando o time estiver completo, será mais conhecido do que a Seleção, e devem continuar no pedestal em que foramcolocados pelo povo brasileiro, pois fizeram pelo país o que ele mais precisava: acreditar na justiça brasileira, que andava com a reputação mais pra lá do que pra cá. <br />
<br />
PS 1 – Quem vai controlar se os réus condenados a penas alternativas vai cumprí-las? Com uma boa conversa se pula um fim de semana, se chove muito não há como chegar à penitenciária para dormir, se ficarem doentes atestados médicos é que não vão faltar, e os condenados são espertos: como se diz por aí, é gente que tira as meias sem precisar tirar os sapatos. <br />
<br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"> PS 2 - </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Escrevo há 10 anos na Folha; são mais de 500 colunas, e acho que nesse longo tempo já deu _ ou deveria ter dado _ para saber quem eu sou. Reli o que escrevi na minha última crônica, refleti sobre o que queria verdadeiramente dizer, e cheguei ao seguinte: nós, seres humanos, somos únicos, ricos ou pobres, gênios ou pessoas comuns, e essa é a grande riqueza da vida: não existem duas pessoas iguais, e ninguém quer ser igual ao outro. Se eu comprasse o mais lindo vestido para uma festa e lá encontrasse Madonna com um igual talvez voltasse em casa para trocar o meu. Se comprasse um iate com 38 cabines, com uma tripulação vestida por Jean Paul Gaulthier, e cruzasse comoutro igual, pertencente a Donald Trump, meu brinquedinho perderia a graça.Porque faz parte querer ser original e único, por isso os artistas, os costureiros, os arquitetos, os decoradores, os escritores, os médicos, os cientistas, todos trabalham para conseguir que suas obras sejam as melhores e, consequentemente, únicas. Existem dois tipos de pessoa: os que vivem para seguir o que está na moda em matéria de viagens, estilo, restaurantes, hotéis, etc., enquanto outros preferem viver na contra mão. Eu pertenço ao segundo grupo: não gosto de multidões, não vou a shows, não vou a festas, não vou arestaurantes da moda, e não viajo na alta estação, prefiro ficar em casa lendo um livro; falei sobre o porteiro como poderia ter falado sobre qualquer pessoa que faz parte dessa multidão que passa a vida indo atrás do que ouviu dizer que está “in, o que para mim é apenas impossível. Lamento, foi um exemplo infeliz.</span></span><br />
<!--EndFragment-->
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8732131113919129154.post-60873694057224010192012-11-25T01:35:00.002-08:002013-04-29T22:36:13.984-07:00Ser especial<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-oob7ARUNCDg/ULHmNYtmezI/AAAAAAAABg4/QcHPi8UtIoA/s1600/Imagem16.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="http://3.bp.blogspot.com/-oob7ARUNCDg/ULHmNYtmezI/AAAAAAAABg4/QcHPi8UtIoA/s400/Imagem16.png" width="400" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; text-align: left;">Domingo, 25 de novembro de 2012, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
<br />
Afinal, qual a graça de ter muito dinheiro? Quanto mais coisas se tem mais se quer ter, e os desejos e anseios vão mudando _ e aumentando _ a cada dia, só que a coisa não é assim tão simples. Bom mesmo é possuir coisas exclusivas, a que só nós temos acesso; se todo mundo fosse rico, a vida seria um tédio.<br />
<br />
Um homem que começa do nada, por exemplo: no início de sua vida, ter um apartamento já era uma ambição quase impossível de alcançar; mas agora, cheio de sucesso, se você falar que está pensando em comprar um com menos de 800 metros quadrados, piscina, sauna e churrasqueira, ele vai olhar para você com o maior desprezo _ isso se olhar.<br />
<br />
Vai longe o tempo do primeiro fusquinha comprado com o maior sacrifÌcio; agora, se não for um importado, com televisão, bar e computador, não interessa _ e só tem graça se for o único a ter o brinquedinho. Somos todos verdadeiras crianças, e só queremos ser únicos, especiais e raros; simples, não? <br />
<br />
Queremos todas as brincadeirinhas eletrônicas, que acabaram de ser lançadas, mas qual a graça, se até o vizinho tiver as mesmas? O problema é: como se diferenciar do resto da humanidade, se todos têm acesso a absolutamente tudo, pagando módicas prestações mensais?<br />
<br />
As viagens, por exemplo: já se foi o tempo em que ir a Paris era só para alguns; hoje, ninguém quer ouvir o relato da subida do Nilo, do passeio de balão pelo deserto ou ver as fotos da viagem _ e se for o vídeo, pior ainda _ de quem foi às muralhas da China. Ir a Nova Iorque ver os musicais da Broadway já teve sua graça, mas por 50 reais mensais o porteiro do prédio também pode ir, então,qual a graça? Enfrentar 12 horas de avião para chegar a Paris, entrar nas perfumarias que dão 40 por cento de desconto, com vendedoras falando português e onde você só encontra brasileiros _ não é melhor ficar por aqui mesmo? <br />
<br />
Viajar ficou banal, e a pergunta é: o que se pode fazer de diferente, original, para deslumbrar os amigos e mostrar que é um ser raro, com imaginação e criatividade, diferente do resto da humanidade? <br />
<br />
Até outro dia causava um certofrisson ter um jatinho para viagens mais longas, e um helicóptero, para chegar a Petrópolis ou Angra sem passar pelo desconforto dos congestionamentos. Mas hoje esses pequenos objetos de desejo ficaram tão banais que só podem deslumbrar uma menina modesta que ainda não passou dos 18. A não ser, talvez, que o interior do jatinho seja feito de couro de cobra _ talvez.<br />
<br />
É claro que ficar rico deve ser muito bom, mas algumas coisas eles perdem quando chegam lá. Maracanã nunca mais, carnaval também não, e ver os fogos do dia 31 na Praia de Copacabana, nem pensar. Se todos têm acesso a esses prazeres, eles passam a não ter mais a menor graça.<br />
<br />
Seguindo esse raciocínio, subir o Champs ElysÈes numa linda tarde de primavera, junto a milhares de turistas tendo as mesmas visões de beleza, é de uma banalidade insuportável. Não importa estar no lugar mais bonito do mundo; o que interessa é saber que só poucos,como você, podem desfrutar do mesmo encantamento.<br />
<br />
Quando se chega a esse ponto, a vida fica difícil. Ir para o Caribe não dá, porque as praias estão infestadas de turistas _ assim como Nova Iorque, Londres e Paris; e como no Nordeste só tem alemães e japoneses, chega-se à conclusão de que o mundo está ficando pequeno. <br />
<br />
Para os muito exigentes, passa a existir uma única solução: se trancar em casa com um livro, uma enorme caixa de chocolates _ sem medo de engordar _, o ar-condicionado ligado, a televisão desligada, e sozinha.<br />
<br />
E quer saber? Se o livro for mesmo bom, não tem nada melhor na vida. <br />
<br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Quase nada, digamos.</span></span><br />
<span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-size: 12pt;"><br />
</span></span><span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Courier New;"><span style="font-size: 10pt;"> <br />
</span></span></span>
<!--EndFragment-->
bebelfrancohttp://www.blogger.com/profile/06518070851720265555noreply@blogger.com0