Domingo, 10 de junho de 2012, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo
Existem muitas, e uma delas é quando ouço ou leio o comentário de um analista político dizendo que alguma coisa aconteceu por “pressão da opinião pública”. Até concordo que, em grande parte das vezes, isso tem a ver com o que eu acho, com o que acredito ser o mais certo; mas a mim ninguém perguntou nada, e não me consta que alguma pesquisa tenha sido feita para saber se a opinião públicaestá pressionando para um lado ou para o outro. No assunto mensalão, por exemplo: o julgamento tem _ enfim _ dia marcado para começar, mas existem, sabidamente, duas “pressões da opinião pública”. A dos que querem e exigem que isso aconteça, pois não é possível um caso tão escandaloso durar sete anos para ser julgado, e a dos petistas, que gostariam que levasse mais 30 anos e que tudo acabasse no esquecimento. E um pequeno comentário: como os ministros do STFadoram criar um suspense. O lento ministro Ricardo Lewandowski é um deles, e agora vamos esperar até não sei quando para que o ministro José Toffoli decida se vai se declarar suspeito ou não, no mesmo julgamento; afinal, ele já deve estar farto de saber se é ou não. Penso que faz parte, para mostrar à população o quanto são poderosos.
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Outra coisa curiosa: sabe-se que em quase todos os países do planeta há uma tendência a que as pessoas passem a usar mais o transporte público ou a estimular o transporte solidário, para desafogar o trânsito, caótico nas grandes cidades. São Paulo inovou, com o rodízio, e, segundo li, está pensando fechar algumas ruas, a exemplo de Londres e Curitiba, para que algumas áreas sejam usadas apenas por pedestres. Pois às vésperas da Rio + 20 o governo baixa o preço dos carros para estimular as vendas, e as montadoras desovam milhares de carros dos seus pátios, o que vai infernizar ainda mais o trânsito das cidades (e os novos compradores serão, talvez, os próximos inadimplentes). Dá para entender?
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Mais uma: é proibido o uso de celulares a quem esteja dirigindo, aliás, uma bela medida. Quem está no volante falando no telefone, seja no viva voz, seja naquela posição mais do que incômoda, equilibrando o celular entre o ouvido e o ombro, perde alguns reflexos, porisso, palmas para a decisão de multar e tirar pontos da carteira de quem não consegue esperar chegar a seu destino para se comunicar com o mundo. Mas já me aconteceu, várias vezes, de tomar um taxi, e ver, bem pertinho do rosto do motorista, uma mini televisão ligada, muitas vezes na novela. Ora, a TV é diabólica; se ela está ligada, seja em nossa própria casa, seja na sala de espera de um médico ou dentista _ o que, aliás, deveria ser proibido _ é inevitável que se olhe para ela. Agora imagine um motorista de taxi, que passa 10 horas dirigindo, e que, teoricamente, não tem com quem falar _ teoricamente, porque todos falam, ou com o passageiro ou no celular _ com uma televisão ligada bem na sua frente. É muito simples: não dá. Mas ainda não ouvi falar que exista nenhuma lei proibindo a existência dessas televisões nos carros, ou proibindo sua fabricação, o que seria bem prático; se não existissem TVs especialmente para carros no mercado, ninguém poderia comprar, e nem seria preciso lei alguma para punir os motoristas irresponsáveis.
Essas são apenas três, das muitas coisas que não entendo.
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