domingo, 16 de dezembro de 2012

Mais um




Domingo, 16 de dezembro de 2012, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo



Já que estamos em pleno clima de Natal, como enfrentar os próximos dias que nos esperam? Eu tomei minhas resoluções, e comecei a seguí-las há uma semana.

           Em primeiro lugar, sair de casa só por justíssima causa. Supermercado só aos domingos muito cedo, que é quando estão vazios, comprando o mínimo necessário para não morrer de fome. Pedir ao médico _ se ele não tiver viajado e seu consultório fique a não mais que um quarteirão de sua casa _ várias receitas de vários tranquilizantes e também de um poderoso sonífero para uma eventualidade mais grave (noite de 24). E passe direto na farmácia, para não ter que sair de novo e poder voltar para casa correndo.

          Se você faz parte da turma que se estressa no fim do ano _ e quem não faz? _ peça a seuporteiro para não lhe entregar um só pacote com ares de presente de Natal. Que deixe tudo para depois de 6 de janeiro, quando todos os festejos estarão terminados. Só então você vai telefonar para quem lembrou de você e agradecer, dizendo que foi passar as festas no Equador, e que adorou o presente. A única maneira de se liberar das lembrancinhas de Natal é jamais retribuí-las; um dia as pessoas compreendem. Mas o grande perigo é o telefone.

           Se você faz parte dos 99,9 % que usam celular é mais fácil, pois sabe quem está ligando e pode simplesmente não atender. Mas se pertence à turma dos que, como eu, só tem telefone fixo _ e com fio _, aí é preciso uma estratégia mais cuidadosa.

           Para aqueles 2 ou 3 amigos com que você se entende, é preciso combinar. Eles devem ligar, deixar o telefone tocar uma vez, e ligar de novo _ aí você atende. As pessoas que você mais adora na família (que não são todas) têm o direito de saber desse código, e assim você se liberta de ouvir os eternamente iguais Feliz Natal,coisa que eu nunca entendi muito bem. A não ser que seja uma pessoa verdadeiramente religiosa, que festeja com fervor o nascimento de Jesus _ e eu não conheço ninguém assim _, não dá para entender porque as pessoas se desejam todas um Feliz Natal. Eu entenderia melhor se todos os dias fosse cumprimentada pelo jornaleiro, a vendedora da loja, e todos meus amigos, com um Feliz Hoje; não seria mais legal? E para se defender da programação natalina, na TV, só o Animal Planet e o Canal Rural.

           Como falta só mais uma semana, procure não se estressar: o Natal passa.

P.S. – Se nem os ministros do Supremo têm a mesma opinião sobre quem deve cassar os deputados condenados, se o STF ou a Câmara dos Deputados, nós, simples mortais, muito menos. Mas eu torço para que essa situação seja decidida ficando essa incumbência para o Supremo, porque não tenho a menor confiança em nossos nobres deputados _ nem tenho razão de ter. Não vamos nos esquecer que foram eles, em 2005, que votaram em Severino Cavalcanti com o claro intuito de bagunçar mais ainda a situação política na época, e acho perfeitamente possível que eles, escudados pelo voto secreto, sejam capazes de votar pela não cassação dos deputados condenados, o que seria uma total vergonha para o país, e que pode perfeitamente acontecer.

          E não entendo como o ministro Celso de Mello se esqueceu de se vacinar contra a gripe.


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