Domingo, 28 de agosto de 2011, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo
Outro dia – era um sábado - saí de manhã para fazer umas coisas bem pouco interessantes, tipo comprar cabides, lata de lixo, um armário para a área, etc.; mais sem graça, impossível. Quando terminei, eram 2h da tarde e eu estava com fome. Por coincidência, quando vi, bem ao lado, um restaurante que adoro, de comida baiana. Entrei, pedi uma caipirinha e um acarajé. Eu estava tranquila, tinha conseguido liquidar minha listinha e, sedenta e faminta, ia beber e comer exatamente o que queria. O restaurante foi enchendo, e a única mesa com uma só pessoa era a minha.
Algumas pessoas me olharam meio de banda, possivelmente achando estranho uma mulheralmoçando sozinha num sábado de sol. Talvez tenham pensado que eu havia levado um bolo, ou que era uma pobre coitada que não tinha amigos com quem almoçar, ou sei lá mais o que. Terminei meu acarajé, que aliás estava ótimo, pedi mais uma caipirinha e uma moqueca de camarão. Comi muito, mais do que devia, mas estava tudo tão bom, mas tão bom, que eu acho que merecia.
Quando estou comendo, só presto atenção e muita _ ao que estou fazendo; mas quando terminei, e só então, comecei a olhar as pessoas. Em uma das mesas elas eram 6, queconversavam alto, todos falavam, e pareciam alegres; em outra um casal de turistas, tipo lua de mel, felizes da vida, e havia uma _ também de 6 _ em que todos riam e gargalhavam, parecendo se divertir muito.
Aí fiquei pensando (uma mania que tenho). Será que os quem riem e dão gargalhadas são mais felizes do que os que apenas conversam, talvez até sobre as mais banais banalidades? E mais do que os que estão sozinhos?
Ficou combinado que quem sorri muito, ri muito, gargalha muito, é mais feliz do que os sérios, mas não sei se para viver bem _ e não estou falando de felicidade _ é mesmo fundamental estar sempre rindo.
Pensei que se estivesse em qualquer daquelas mesas, não estaria melhor do que estava, ali, sozinha. Quem inventou que rir é mesmo melhor do que não rir? Eu já ri muito, muito mais do que rio agora, e isso não me faz a menor falta; aliás, tenho horror aos profissionais em dizer coisas engraçadas, que são a alegria da festa, que fazem os outros gargalhar. “Vamos jantar sim, vai ter fulano que é ótimo, divertidíssimo”; essa frase, aliás, já é uma boa razão para eu não ir.
Continuei mais um tempo na mesa, e tão bem, que ainda pedi uma cocada branca de sobremesa, e pensei que inventam umas coisas nas quais as pessoas acreditam; talvez, naquele sábado, muitos homens e mulheres acreditaram no que ouviram dizer, e estavam infelizes por estarem em casa, porque não tinham com quem almoçar, alguém engraçado, para que eles rissem um pouco; qual.
Vou repetir, para que não haja engano: eu não estava vivendo nenhum momento de intensa felicidade. Mas estava tão bem, mas tão bem, que naquele momento não precisava de mais nada na vida; de nada. Já passei por momentos assim algumas vezes, e lembro de todos eles, porque foram todas inesquecíveis, e aprendi a identificar, na hora, quando eles acontecem, assim, a troco de nada; será que isso tem um nome?
E, curioso: em todos eu estava absolutamente só.
Algumas pessoas me olharam meio de banda, possivelmente achando estranho uma mulheralmoçando sozinha num sábado de sol. Talvez tenham pensado que eu havia levado um bolo, ou que era uma pobre coitada que não tinha amigos com quem almoçar, ou sei lá mais o que. Terminei meu acarajé, que aliás estava ótimo, pedi mais uma caipirinha e uma moqueca de camarão. Comi muito, mais do que devia, mas estava tudo tão bom, mas tão bom, que eu acho que merecia.
Quando estou comendo, só presto atenção e muita _ ao que estou fazendo; mas quando terminei, e só então, comecei a olhar as pessoas. Em uma das mesas elas eram 6, queconversavam alto, todos falavam, e pareciam alegres; em outra um casal de turistas, tipo lua de mel, felizes da vida, e havia uma _ também de 6 _ em que todos riam e gargalhavam, parecendo se divertir muito.
Aí fiquei pensando (uma mania que tenho). Será que os quem riem e dão gargalhadas são mais felizes do que os que apenas conversam, talvez até sobre as mais banais banalidades? E mais do que os que estão sozinhos?
Ficou combinado que quem sorri muito, ri muito, gargalha muito, é mais feliz do que os sérios, mas não sei se para viver bem _ e não estou falando de felicidade _ é mesmo fundamental estar sempre rindo.
Pensei que se estivesse em qualquer daquelas mesas, não estaria melhor do que estava, ali, sozinha. Quem inventou que rir é mesmo melhor do que não rir? Eu já ri muito, muito mais do que rio agora, e isso não me faz a menor falta; aliás, tenho horror aos profissionais em dizer coisas engraçadas, que são a alegria da festa, que fazem os outros gargalhar. “Vamos jantar sim, vai ter fulano que é ótimo, divertidíssimo”; essa frase, aliás, já é uma boa razão para eu não ir.
Continuei mais um tempo na mesa, e tão bem, que ainda pedi uma cocada branca de sobremesa, e pensei que inventam umas coisas nas quais as pessoas acreditam; talvez, naquele sábado, muitos homens e mulheres acreditaram no que ouviram dizer, e estavam infelizes por estarem em casa, porque não tinham com quem almoçar, alguém engraçado, para que eles rissem um pouco; qual.
Vou repetir, para que não haja engano: eu não estava vivendo nenhum momento de intensa felicidade. Mas estava tão bem, mas tão bem, que naquele momento não precisava de mais nada na vida; de nada. Já passei por momentos assim algumas vezes, e lembro de todos eles, porque foram todas inesquecíveis, e aprendi a identificar, na hora, quando eles acontecem, assim, a troco de nada; será que isso tem um nome?
E, curioso: em todos eu estava absolutamente só.
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