Domingo, 1 de agosto de 2010, por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo
Mesmo aos que escrevem coisas sempre sérias acontece, um dia, de soltar sua veia humorística; a franga, como se diz. Uma frase, uma palavra, qualquer coisa que tenha ocorrido e que dê vontade de fazer uma brincadeira, mesmo sem dizer os nomes.
A censura está voltando, gente, e censura é como gravidez: nenhuma mulher pode estar mais ou menos grávida. Ou está, ou não está. Com a censura, é igual: ela existe, ou não. Que saudades dos tempos em que o Brasil era uma democracia.
Por falar em futebol, é claro que deve haver ordem dentro de um estádio, mas não adianta fazer leis para regulamentar as torcidas, se não houver quem as faça serem cumpridas. Vai ser assim: se houver um tumulto a menos de 5 km do estádio, é crime, mas um tumulto a 8 km, tudo bem.
Estão se metendo demais em nossas vidas; devagarzinho, de mansinho, vamos acabar monitorados, dentro de nossas próprias casas. Nem uma palmadinha se pode dar -sob as penas da lei. E fala sério: entre uma palmadinha no bum-bum, um lugar onde praticamente não se sente dor, e uma palavra raivosa ou um tapa, na hora da raiva, há uma enorme diferença.
O Brasil corre o risco de se transformar em um imenso Big Brother, com câmeras de TV em cada cômodo de cada casa, espionando a relação entre pais e filhos -e eu acho que já ouvi falar disso. Não teria sido no livro "1984"?
Se ainda estivesse na moda, seria o caso de fazer uma sonoterapia até o dia da eleição, para ignorar os desrespeitos que estão sendo feitos à legislação eleitoral, sem que nada aconteça. Os exemplos de falta de ética que estão sendo dados ao país vão durar por muitos e muitos anos, pois se o presidente faz, por que razão um garoto não vai poder fazer igual?
Esse é o pior legado que um governo pode deixar; e é o que a era Lula vai deixar.
Oito anos é muito tempo.
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