Domingo, 26 de dezembro de 2010 por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo
Temos uma nova presidente que conhecemos pouco, mas que dizem ser mandona -e tem cara; ótimo. Tomara que não só mande, como seja bem durona e não passe a mão na cabeça de nenhum de seus auxiliares que faça algo de errado. E que também apareça às vezes no Congresso, de surpresa, para que os deputados saibam que tem alguém atento aos absurdos que fazem. Tiririca, inclusive.
Dilma não parece ser nem vaidosa nem exibida. É sóbria, e duvido que vá fazer a simpática e dizer gracinhas sem graça alguma, para que os bajuladores riam, como sempre fazem, quando os poderosos abrem a boca. Tem a seu favor: trabalha -arrisco dizer- com gosto, como aliás é a obrigação de todos os presidentes, mas que nem todos fazem.
No dia da diplomação seu discurso foi curto, falou sem gesticular nem apontar ameaçadoramente o dedo, seu vestido não era nem vermelho nem verde e amarelo, estava emocionada, mas contida. Enquanto o ministro Ricardo Lewandowsky falava, ela ouvia, mas seus olhos estavam longe, bem longe; parecia estar repassando sua vida inteira, como se estivesse vendo um filme -e que filme.
Apesar de sua confessada lealdade ao presidente, esperamos que comece a governar com a sua cabeça, e rapidinho; afinal, as pessoas podem ser leais e pensar de maneira diferente.
Uma boa notícia é que Lula vai descansar (e nós dele) durante um tempo, e espero que 2011 nos traga a felicidade de abrir os jornais de manhã e encontrar menos denúncias de corrupção nas áreas do governo. Seria ingenuidade querer não encontrar nenhuma.
Não votei em Dilma, mas faço votos para que ela faça um bom governo, e que seja implacável com tudo de errado que encontrar no país. Sua escola foi o PDT, do saudoso Brizola, mas ela sabe como o PT chegou ao poder, alardeando ser "o partido que não rouba e não deixa ninguém roubar"; é isso que queríamos. Que ela se mostre firme como dizem que é, e chegue logo o dia de dizer seu primeiro NÃO aos pedidos dos Sarneys da vida, dos partidos em geral, inclusive o PT, e também aos de Lula -e que a herança lhe seja leve. Dá para entender que nesse primeiro momento não deu, mas essa hora vai ter que chegar, e quando isso acontecer -se acontecer- vou começar a acreditar em todas as qualidades que dizem que ela tem. Dilma vai ficar de olho no Brasil, mas o Brasil já está de olho em Dilma.
Presidente nova, vida nova, vamos ser otimistas, vai dar tudo certo. Está fazendo muito calor para ouvir Lula continuar falando da crise do Oriente Médio, que o Brasil deve ter assento no Conselho de Segurança da ONU, indo à UNE, ao sambódromo, ao Morro do Alemão, abraçar Zeca Pagodinho e ameaçar com 2014 -e ainda vai ter mais. Mas, como disse Chico Buarque, vai passar; aliás, já está quase. Quanto ao ministério, a cada nomeação, mais igual fica, e se tudo se passar como espera Lula, a ministra da Cultura do próximo governo poderá ser escolhida entre Ivete Sangalo e Alcione - indicação de Sarney.
Quem vai dar o tom no Alvorada é a mãe da presidente. Segundo ela, a verdadeira Dilma é ela; a filha é Dilminha. Dilma (mãe) está inteiraça, e parece ser alegre, falante e vaidosa.
Melhor, impossível.
Dilma não parece ser nem vaidosa nem exibida. É sóbria, e duvido que vá fazer a simpática e dizer gracinhas sem graça alguma, para que os bajuladores riam, como sempre fazem, quando os poderosos abrem a boca. Tem a seu favor: trabalha -arrisco dizer- com gosto, como aliás é a obrigação de todos os presidentes, mas que nem todos fazem.
No dia da diplomação seu discurso foi curto, falou sem gesticular nem apontar ameaçadoramente o dedo, seu vestido não era nem vermelho nem verde e amarelo, estava emocionada, mas contida. Enquanto o ministro Ricardo Lewandowsky falava, ela ouvia, mas seus olhos estavam longe, bem longe; parecia estar repassando sua vida inteira, como se estivesse vendo um filme -e que filme.
Apesar de sua confessada lealdade ao presidente, esperamos que comece a governar com a sua cabeça, e rapidinho; afinal, as pessoas podem ser leais e pensar de maneira diferente.
Uma boa notícia é que Lula vai descansar (e nós dele) durante um tempo, e espero que 2011 nos traga a felicidade de abrir os jornais de manhã e encontrar menos denúncias de corrupção nas áreas do governo. Seria ingenuidade querer não encontrar nenhuma.
Não votei em Dilma, mas faço votos para que ela faça um bom governo, e que seja implacável com tudo de errado que encontrar no país. Sua escola foi o PDT, do saudoso Brizola, mas ela sabe como o PT chegou ao poder, alardeando ser "o partido que não rouba e não deixa ninguém roubar"; é isso que queríamos. Que ela se mostre firme como dizem que é, e chegue logo o dia de dizer seu primeiro NÃO aos pedidos dos Sarneys da vida, dos partidos em geral, inclusive o PT, e também aos de Lula -e que a herança lhe seja leve. Dá para entender que nesse primeiro momento não deu, mas essa hora vai ter que chegar, e quando isso acontecer -se acontecer- vou começar a acreditar em todas as qualidades que dizem que ela tem. Dilma vai ficar de olho no Brasil, mas o Brasil já está de olho em Dilma.
Presidente nova, vida nova, vamos ser otimistas, vai dar tudo certo. Está fazendo muito calor para ouvir Lula continuar falando da crise do Oriente Médio, que o Brasil deve ter assento no Conselho de Segurança da ONU, indo à UNE, ao sambódromo, ao Morro do Alemão, abraçar Zeca Pagodinho e ameaçar com 2014 -e ainda vai ter mais. Mas, como disse Chico Buarque, vai passar; aliás, já está quase. Quanto ao ministério, a cada nomeação, mais igual fica, e se tudo se passar como espera Lula, a ministra da Cultura do próximo governo poderá ser escolhida entre Ivete Sangalo e Alcione - indicação de Sarney.
Quem vai dar o tom no Alvorada é a mãe da presidente. Segundo ela, a verdadeira Dilma é ela; a filha é Dilminha. Dilma (mãe) está inteiraça, e parece ser alegre, falante e vaidosa.
Melhor, impossível.
Felicidades, Dilminha; desculpe a intimidade, mas é só hoje.
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