Domingo, 17 de outubro de 2010 por Danuza Leão, para a Folha de S. Paulo
O ASSUNTO CONTINUA o mesmo: o aborto. Você é contra ou a favor? Se não é candidato, tem o direito de achar o que quiser e, sobretudo, a mudar de opinião e negar, com muita clareza (como diz Dilma), o que disse antes, mesmo que suas declarações estejam gravadas, portanto, ao acesso de qualquer eleitor.
Como o passado para alguns não condena, o que interessa é o presente -e o segundo turno, é claro.
Sobre o assunto, gostaria de saber a opinião do nosso vice-presidente, José Alencar.
Como todos sabemos, ele se recusou a fazer o exame de DNA que provaria -ou não- uma sua suposta paternidade. Alencar se recusou a fazer o exame de DNA, declarando, elegantemente, que a mãe de sua possível filha frequentava a "zona" e que, portanto, ele não tinha nenhuma responsabilidade sobre o caso. Pela lei, quem se recusa a fazer o exame é declarado legalmente pai, mas não vi uma só notícia, em nenhum jornal, esclarecendo essa história. Será que os vices têm imunidade e tudo bem?
Eu, por mim, torço para que essa moça, que já é uma senhora, tenha direito à parte da herança do seu possível pai, que não deve ser pequena. E fico pensando: será que se na época nosso vice, tão católico, tivesse sido procurado por sua parceira dos velhos tempos, teria dado força para que ela, em nome de suas (dele) profundas convicções religiosas, tivesse esse filho? Ou talvez até ajudado, financeiramente, a que ela fizesse um aborto?
Nenhuma mulher gosta de engravidar sem querer; milhões delas provocam o aborto nas condições mais primitivas e têm que procurar ajuda num hospital -correndo o risco de irem para a cadeia, como criminosas- e muitas morrem. A igreja proíbe o uso da pílula, da camisinha e continua firme: o ato sexual só existe para a procriação. Os séculos passam e só a igreja não vê que o mundo mudou.
Nenhum dos candidatos fala em uma campanha, já nas escolas, de prevenção à gravidez, para que as meninas se previnam antes de ir para a balada do fim de semana. Porque é sempre às mães que vão caber todas as responsabilidades - vide o caso de José Alencar.
O poderoso Vaticano, que impõe suas leis, é todo formado por homens, e as freiras não têm voz para nada -até melhor, já que não entendem do assunto.
Não faço a defesa do aborto, mas não aceito que um mundo masculino tenha o direito de ditar regras que só dizem respeito a elas. Algum bispo tem ideia do que é enfrentar um estupro, ou a ter mais um filho -muitas vezes sem pai- sem ter como criá-lo, ou a uma gravidez indesejada para uma adolescente?
A ex-candidata Marina falou em plebiscito, mas nem isso os católicos admitem. Se acontecer, e os que são contra vencerem, vai ficar tudo igual: as mulheres vão continuar abortando, e se é a favor da vida que tanto se fala, arriscando as suas (essas vidas não importam às religiões). Que venha o plebiscito, mas que fique estipulado que nele só as mulheres vão poder opinar. É um absurdo que os homens interfiram nesse assunto.
Dilma aprendeu -mais ou menos- a falar, mas não a sorrir. Apenas mostra os dentes, mas os olhos não acompanham, porque isso não se ensina. Poderia ter tido uma assessoria especial para aprender a fazer o sinal da cruz.
Em Aparecida, foi patético: ela, literalmente, gaguejou com as mãos.
Como o passado para alguns não condena, o que interessa é o presente -e o segundo turno, é claro.
Sobre o assunto, gostaria de saber a opinião do nosso vice-presidente, José Alencar.
Como todos sabemos, ele se recusou a fazer o exame de DNA que provaria -ou não- uma sua suposta paternidade. Alencar se recusou a fazer o exame de DNA, declarando, elegantemente, que a mãe de sua possível filha frequentava a "zona" e que, portanto, ele não tinha nenhuma responsabilidade sobre o caso. Pela lei, quem se recusa a fazer o exame é declarado legalmente pai, mas não vi uma só notícia, em nenhum jornal, esclarecendo essa história. Será que os vices têm imunidade e tudo bem?
Eu, por mim, torço para que essa moça, que já é uma senhora, tenha direito à parte da herança do seu possível pai, que não deve ser pequena. E fico pensando: será que se na época nosso vice, tão católico, tivesse sido procurado por sua parceira dos velhos tempos, teria dado força para que ela, em nome de suas (dele) profundas convicções religiosas, tivesse esse filho? Ou talvez até ajudado, financeiramente, a que ela fizesse um aborto?
Nenhuma mulher gosta de engravidar sem querer; milhões delas provocam o aborto nas condições mais primitivas e têm que procurar ajuda num hospital -correndo o risco de irem para a cadeia, como criminosas- e muitas morrem. A igreja proíbe o uso da pílula, da camisinha e continua firme: o ato sexual só existe para a procriação. Os séculos passam e só a igreja não vê que o mundo mudou.
Nenhum dos candidatos fala em uma campanha, já nas escolas, de prevenção à gravidez, para que as meninas se previnam antes de ir para a balada do fim de semana. Porque é sempre às mães que vão caber todas as responsabilidades - vide o caso de José Alencar.
O poderoso Vaticano, que impõe suas leis, é todo formado por homens, e as freiras não têm voz para nada -até melhor, já que não entendem do assunto.
Não faço a defesa do aborto, mas não aceito que um mundo masculino tenha o direito de ditar regras que só dizem respeito a elas. Algum bispo tem ideia do que é enfrentar um estupro, ou a ter mais um filho -muitas vezes sem pai- sem ter como criá-lo, ou a uma gravidez indesejada para uma adolescente?
A ex-candidata Marina falou em plebiscito, mas nem isso os católicos admitem. Se acontecer, e os que são contra vencerem, vai ficar tudo igual: as mulheres vão continuar abortando, e se é a favor da vida que tanto se fala, arriscando as suas (essas vidas não importam às religiões). Que venha o plebiscito, mas que fique estipulado que nele só as mulheres vão poder opinar. É um absurdo que os homens interfiram nesse assunto.
Dilma aprendeu -mais ou menos- a falar, mas não a sorrir. Apenas mostra os dentes, mas os olhos não acompanham, porque isso não se ensina. Poderia ter tido uma assessoria especial para aprender a fazer o sinal da cruz.
Em Aparecida, foi patético: ela, literalmente, gaguejou com as mãos.
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